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Os Ritos Maçônicos mais praticados no Brasil

A Maçonaria sempre despertou curiosidade e interesse, tanto pelo seu simbolismo quanto por sua influência histórica e social. Muitos a consideram uma sociedade secreta, mas, na realidade, trata-se de uma ordem discreta, cujos princípios, regulamentos e símbolos estão amplamente disponíveis em livros, bibliotecas e publicações acessíveis ao público.

Seus principais valores são o amor fraternal, a solidariedade, a busca da Verdade e a prática da virtude. A instituição não oculta sua existência, seus templos ou suas atividades — que vão desde a filantropia até posicionamentos públicos em defesa da ética e contra a corrupção.

Quem Pode Ser Maçom?

A admissão é aberta a homens adultos, sem distinção de raça, cor ou religião, desde que possuam boa reputação, caráter íntegro e crença em um Ser Supremo. Ninguém é obrigado ou convidado diretamente a se tornar Maçom; é o candidato quem deve manifestar livremente o desejo de ingressar.

Após o pedido de ingresso, ocorre um processo de investigação sobre sua vida pessoal, moral e social. Só então é decidido, por votação, se o candidato será aceito ou não.

Os Segredos Maçônicos

Muito se fala sobre os “segredos” da Maçonaria. Entretanto, segundo os próprios Maçons, esses segredos não dizem respeito a intenções ocultas da instituição, mas sim a alegorias, sinais e rituais simbólicos, que fazem parte de sua tradição iniciática.

Os Ritos Maçônicos no Brasil

Um dos aspectos que mais intrigam estudiosos e curiosos é a diversidade de ritos maçônicos. Cada rito corresponde a um conjunto de rituais, tradições e organização de graus. No Brasil, sete ritos se destacam como os mais praticados. Vejamos os principais ritos maçônicos:

🔹 1. Rito Adonhiramita

De origem francesa, o Rito Adonhiramita surgiu em meados do século XVIII, sendo estruturado inicialmente a partir de coleções de instruções maçônicas conhecidas como “catecismos” ou “manuais de loja”, muito populares na França do período. Recebeu esse nome em referência a Adonhiram, o mestre de obras do Templo de Salomão, personagem fundamental na tradição maçônica.

História na França e no Brasil

Na França, o Rito Adonhiramita teve rápida difusão, mas acabou sendo substituído oficialmente pelo Rito Moderno (ou Francês) em 1785, caindo em desuso no continente europeu.

No entanto, ao chegar ao Brasil, encontrou terreno fértil e se consolidou como uma das práticas rituais mais importantes. Foi o primeiro rito adotado oficialmente no país, tornando-se parte da identidade maçônica brasileira. Seu desenvolvimento oficial ocorreu em 1838, inicialmente limitado aos graus simbólicos (Aprendiz, Companheiro e Mestre).

Somente em 1973 os graus filosóficos (superiores) do rito foram reativados, com a criação de um Supremo Conselho Adonhiramita próprio, que passou a administrar a sequência iniciática além da Maçonaria Azul.

Características do Rito Adonhiramita

  • Identidade brasileira: embora de origem francesa, o rito se enraizou quase que exclusivamente no Brasil, onde continua sendo praticado com vitalidade.
  • Estrutura: trabalha os graus simbólicos e superiores, semelhantes em número aos do REAA, mas com rituais próprios e características particulares.
  • Ênfase na simplicidade: seus rituais tendem a ser menos carregados de elementos esotéricos, privilegiando uma vivência moral, simbólica e filosófica acessível.
  • Caráter tradicional: mantém forte apego às antigas práticas francesas do século XVIII, mas com adaptações nacionais.

Reconhecimento internacional

Apesar de sua relevância no Brasil, o Rito Adonhiramita é considerado “irregular” por parte da comunidade maçônica internacional. Isso ocorre porque ele modifica a lenda do Grau 13, algo visto como violação de um dos Landmarks – princípios imutáveis da Maçonaria reconhecidos pela tradição regular.

Assim, fora do Brasil, o rito possui pouquíssima presença, com raras exceções em algumas lojas de Portugal.

Importância simbólica e cultural

O Rito Adonhiramita ocupa um lugar especial na história da Maçonaria brasileira:

Representa uma forma ritualística autêntica, tradicional e ao mesmo tempo singular, distinta dos ritos mais universalizados, como o REAA ou o Moderno.

Foi o primeiro rito oficial adotado no país.

Tornou-se símbolo da identidade maçônica nacional, resistindo ao tempo mesmo após desaparecer na Europa.

🔹 2. Rito Brasileiro

O Rito Brasileiro é um sistema maçônico exclusivamente nacional, fruto do desejo de criar uma identidade própria para a Maçonaria no Brasil. Sua concepção remonta ao século XIX, quando o Grande Oriente do Brasil (GOB) já acalentava a ideia de estabelecer um rito genuinamente brasileiro, capaz de refletir os valores, tradições e símbolos da pátria.

Fundação e primeiros anos

O projeto começou a se concretizar em 1914, sob a liderança do então Grão-Mestre Lauro Sodré, militar, político e figura de grande influência na história da Maçonaria brasileira. Foi nesse momento que o rito ganhou corpo, com a elaboração de seus rituais e a definição de sua estrutura.

Contudo, após um início promissor, o rito entrou em decadência nos anos 1940, perdendo força e adesão dentro das lojas do GOB. Durante quase três décadas, permaneceu em segundo plano, até que foi reativado em 1968, durante o período do regime militar. Nesse contexto, assumiu um tom fortemente nacionalista, buscando exaltar os valores cívicos e patrióticos do Brasil.

Estrutura do rito

O Rito Brasileiro foi inspirado no Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA), mas adaptado à realidade nacional. Assim como o REAA, ele é composto por 33 graus, distribuídos da seguinte forma:

  • Graus simbólicos: Aprendiz, Companheiro e Mestre.
  • Graus filosóficos: do 4º ao 33º grau, administrados por corpos superiores.

A principal diferença em relação ao REAA está nos elementos simbólicos, linguísticos e visuais, que foram adaptados para incorporar referências à história, cultura e identidade brasileira. Isso se reflete, por exemplo, nos paramentos, nas alegorias e em certas passagens rituais, onde símbolos universais da Maçonaria convivem com elementos próprios da tradição nacional.

Características do Rito Brasileiro

  • Exclusividade: é praticado unicamente no Brasil, não havendo Supremo Conselho do Rito Brasileiro em outros países.
  • Nacionalismo: valoriza símbolos pátrios, heróis nacionais e ideais de soberania e identidade cultural.
  • Tradição e inovação: preserva a estrutura maçônica tradicional, mas com forte marca da história e espiritualidade brasileiras.
  • Ênfase cívica e moral: seus rituais estimulam a reflexão sobre deveres sociais, civismo e patriotismo.

Importância atual

Hoje, o Rito Brasileiro é uma das práticas reconhecidas e ativas dentro do Grande Oriente do Brasil, mantendo viva a proposta de uma Maçonaria que, sem perder seu caráter universal, também expressa a cultura e a alma da nação brasileira. Ele representa um esforço único de inculturação maçônica, ou seja, de adaptação dos valores da Ordem a um contexto histórico e social específico.

🔹 3. Ritual de Emulação (Sistema Inglês Moderno)

O Ritual de Emulação, conhecido internacionalmente como Emulation Ritual, é um dos mais importantes sistemas da Maçonaria inglesa. Criado a partir da fundação da Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI) em 1813, ele representa o esforço de unificação ritualística após a fusão entre os dois grandes grupos maçônicos ingleses do século XVIII: os “Modernos” e os “Antigos”.

Para garantir essa unificação, foi criada uma comissão ritualística que, após anos de trabalho, fixou um modelo considerado equilibrado e aceito por ambos os lados. Esse modelo passou a ser transmitido e ensinado pela Emulation Lodge of Improvement, fundada em Londres em 1823, responsável por preservar e uniformizar a prática até hoje.

Características principais

  • Limitação aos graus simbólicos: o Ritual de Emulação trabalha apenas os três graus da Maçonaria Azul — Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom.
  • Estilo inglês: seus trabalhos são marcados pela sobriedade, clareza e objetividade, sem o excesso de alegorias e misticismo presente em ritos como o REAA.
  • Popularidade: é o ritual mais praticado dentro da GLUI, embora não seja o único (existem outros, como o Ritual de Bristol, o Stability, entre outros).
  • Forma de transmissão: enfatiza a tradição oral e a memorização, o que confere grande disciplina e uniformidade entre os praticantes.

Aperfeiçoamentos na Inglaterra

Embora o Ritual de Emulação se limite à Maçonaria Azul, na Inglaterra existe uma rica sequência de corpos independentes de aperfeiçoamento, entre eles:

  • Mestre de Marca (Mark Master Mason).
  • Santo Arco Real (Holy Royal Arch), considerado pela GLUI como a “perfeição” do Grau de Mestre.
  • Ordem dos Cavaleiros Templários.
  • Ordem de Malta.
  • Além de outros sistemas maçônicos complementares, cada qual com sua organização própria.

Essa diversidade permite que o maçom inglês expanda sua jornada iniciática de forma modular, diferente do modelo unificado de 33 graus do REAA.

O Ritual de Emulação no Brasil

No Brasil, o Ritual de Emulação foi introduzido pelo Grande Oriente do Brasil (GOB) como forma de estreitar os laços com a Maçonaria inglesa e garantir o reconhecimento internacional da GLUI.

Por um erro de tradução, durante algum tempo foi chamado equivocadamente de “Rito de York”, mas na realidade trata-se de tradições distintas:

  • O York é um sistema norte-americano, com sua própria sequência de graus capitulares e cavalheirescos.
  • O Emulação é estritamente inglês e restrito aos graus simbólicos.

Atualmente, o Ritual de Emulação é praticado em algumas lojas brasileiras, embora seja bem menos numeroso que o REAA ou o Rito Brasileiro.

Valor simbólico e distintivo

O grande destaque do Ritual de Emulação está em sua fidelidade às tradições maçônicas inglesas, mantendo-se quase inalterado desde o século XIX. Sua simplicidade ritualística contrasta com os ritos mais carregados de simbolismo esotérico, oferecendo uma experiência sóbria, ética e universalista, centrada no aprimoramento moral do iniciado.

🔹 4. Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA)

O Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA) é, sem dúvida, o rito maçônico mais praticado em todo o mundo, incluindo o Brasil. Ele é amplamente conhecido por sua ampla estrutura de graus, que percorre desde os três graus simbólicos da Maçonaria Azul até os chamados graus filosóficos, totalizando 33 graus organizados em diferentes corpos maçônicos:

  • Loja Simbólica – Aprendiz, Companheiro e Mestre.
  • Loja de Perfeição – do 4º ao 14º grau.
  • Capítulo Rosa-Cruz – do 15º ao 18º grau.
  • Conselho Kadosh – do 19º ao 30º grau.
  • Consistório – do 31º ao 33º grau.

Essa estrutura permite um percurso iniciático completo, que busca a elevação espiritual, intelectual e moral do maçom, conduzindo-o desde os fundamentos simbólicos até reflexões profundas sobre filosofia, ética, tradição judaico-cristã, esoterismo e valores universais.

Origens do REAA

A origem do REAA é complexa e multifacetada. Apesar de sua consolidação na França, no século XVIII, o rito possui raízes escocesas, ligadas à tradição dos chamados “maçons escoceses” que migraram para a França no período das guerras religiosas e políticas britânicas.

O primeiro sistema estruturado foi o dos Ritos de Perfeição, composto por 25 graus, difundido na França em meados de 1758. Com a expansão da Maçonaria para as Américas, esse sistema foi levado aos Estados Unidos, onde recebeu nova organização e ampliação, passando para 33 graus, número que permanece até hoje.

A fundação oficial do Supremo Conselho do REAA ocorreu em Charleston, Carolina do Sul, em 1801, considerado o marco inicial do sistema como o conhecemos. A partir dali, o rito se espalhou por diversos países, ganhando força especialmente no Brasil.

O REAA no Brasil

O REAA é, até hoje, o rito predominante entre os maçons brasileiros. Ele foi introduzido oficialmente no país no início do século XIX e adotado pelas principais obediências, como o Grande Oriente do Brasil (GOB), as Grandes Lojas Estaduais e os Orientes Independentes.

Sua ampla difusão se deve a fatores como:

  • A profundidade simbólica de seus graus, que oferecem ao maçom um caminho iniciático contínuo e progressivo.
  • A riqueza ritualística, com grande carga de símbolos, alegorias e ensinamentos de caráter universal.
  • A influência filosófica e espiritual, que combina tradições do judaísmo, cristianismo, cabala, alquimia, templarismo e iluminismo.

Características do REAA

Ênfase na moral e na espiritualidade: busca o aperfeiçoamento do indivíduo, do coletivo e da humanidade.

Universalidade: apesar de suas raízes cristãs, o rito é aberto a homens de qualquer crença, desde que tenham fé em um Grande Arquiteto do Universo.

Profundidade esotérica: cada grau acrescenta camadas de conhecimento simbólico, histórico e moral.

Estrutura hierárquica clara: cada corpo maçônico tem sua função específica dentro da jornada iniciática.

🔹 5. Rito Moderno (ou Rito Francês)

Datado de 1773, o Rito Moderno é considerado um dos mais antigos ritos maçônicos ainda em prática. Ele nasceu na França, diretamente inspirado nas Constituições de Anderson (1723) e nas práticas da Maçonaria inglesa, que foram gradualmente adaptadas ao espírito iluminista francês.

Durante o século XVIII, tornou-se o rito predominante na França, sobretudo no Grande Oriente da França (GOdF). Sua ritualística prezava pela clareza e simplicidade, favorecendo a reflexão racional e filosófica, em consonância com os ideais do Iluminismo, que então moldavam o pensamento europeu.

Em 1877, porém, o GOdF promoveu uma mudança significativa: suprimiu dos rituais a obrigatoriedade da crença em Deus e na imortalidade da alma, substituindo-a pela exigência apenas da crença em valores universais e na liberdade de consciência. Essa decisão causou uma cisão irreversível entre a Maçonaria francesa e a inglesa, já que a Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI) mantinha a exigência de fé em um Ser Supremo. Desde então, as duas correntes – a regular, ligada à tradição inglesa, e a chamada liberal, de influência francesa – seguem caminhos distintos.

No Brasil, o Rito Moderno foi introduzido no século XIX e adquiriu grande importância. Ele foi o primeiro rito adotado oficialmente pelo Grande Oriente do Brasil (GOB), em 1822, quando da fundação da obediência por Dom Pedro I. Ao longo da história, teve papel fundamental na formação da identidade maçônica brasileira, sendo adotado por diversas lojas espalhadas pelo território nacional.

O Rito Moderno apresenta como características:

  • Simplicidade ritualística, com menos elementos místicos que o Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA), favorecendo a reflexão filosófica e humanista.
  • Ênfase na razão e nos ideais iluministas, valorizando a liberdade, a igualdade e a fraternidade como pilares da vida maçônica.
  • Caráter universalista, permitindo adaptações segundo as diferentes tradições culturais e espirituais dos maçons.

Atualmente, embora o Rito Moderno não seja o mais numeroso no Brasil – posto ocupado pelo REAA – ele continua ativo e respeitado, sendo praticado em diversas lojas, principalmente ligadas ao Grande Oriente do Brasil e a outras obediências de inspiração liberal.

🔹 6. Rito Schröder

De origem alemã, o Rito Schröder nasceu no final do século XVIII, criado por Friedrich Ludwig Schröder (1744–1816), ator, dramaturgo e maçom de grande destaque em Hamburgo. Seu objetivo era reformar e simplificar a Maçonaria praticada na Alemanha, que na época se encontrava fragmentada em inúmeros sistemas, muitos deles com fortes referências místicas e cavalheirescas, como o Rito da Estrita Observância Templária.

Schröder acreditava que a Maçonaria estava se distanciando de sua essência simbólica e ética, sobrecarregada por alegorias templárias e lendas que, em sua visão, não correspondiam ao espírito original da Ordem. Sua proposta foi, portanto, um retorno à simplicidade ritualística, inspirado nos ritos ingleses de 1717, procurando resgatar a tradição da Maçonaria Operativa.

Características principais

  • Simplicidade ritual: o Rito Schröder elimina elementos considerados excessivos, mantendo apenas o essencial para a transmissão dos símbolos.
  • Ênfase nos três graus simbólicos: Aprendiz, Companheiro e Mestre. Schröder defendia que a verdadeira riqueza da Maçonaria estava contida nesses graus fundamentais.
  • Universalismo: evita associações religiosas ou cavalheirescas, priorizando a dimensão ética e moral do maçom.
  • Estilo direto e objetivo: o ritual é marcado por clareza, economia de palavras e ausência de elementos que possam ser considerados supérfluos.

O Rito Schröder no Brasil

O Rito chegou ao Brasil principalmente com a colonização germânica no Sul do país, no século XIX. Comunidades alemãs que se estabeleceram no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná trouxeram suas tradições maçônicas, entre elas o Schröder, que permanece ativo em algumas lojas até hoje.

Embora nunca tenha alcançado a mesma difusão nacional que o REAA ou o Rito Brasileiro, o Schröder mantém grande relevância por seu valor histórico e identidade cultural, especialmente nas regiões onde a imigração alemã foi marcante.

Valor simbólico e filosófico

O Rito Schröder pode ser entendido como um “rito de retorno”, pois busca reconectar a Maçonaria a suas raízes mais puras:

  • Uma Ordem fundada na ética, moralidade e fraternidade, acima de títulos ou lendas cavaleirescas.
  • Uma prática simbólica voltada à autotransformação e ao aperfeiçoamento humano, sem dependência de ornamentações externas.

Por isso, é visto por muitos estudiosos como uma das expressões mais autênticas e tradicionais da Maçonaria.

🔹 7. Rito de York

O Rito de York, também chamado de Rito Americano ou Rito Inglês Antigo, é considerado o rito maçônico mais antigo em prática contínua no mundo, tendo se estruturado em 1797, nos Estados Unidos, a partir de tradições maçônicas inglesas que remontam ao início do século XVIII.

Enquanto o Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA) consolidou-se como o mais difundido no Brasil e em diversos países, o Rito de York é o mais praticado globalmente, reunindo mais de 60% dos maçons do mundo, especialmente nos Estados Unidos, onde é o sistema predominante.

Estrutura do Rito de York

Além dos três graus simbólicos (Aprendiz, Companheiro e Mestre), o Rito de York possui 10 graus adicionais, distribuídos em diferentes corpos autônomos, mas interligados em uma sequência contínua:

  • Capítulo do Real Arco
    • Grau de Mestre de Marca
    • Grau de Past Master Virtual
    • Grau de Mui Excelente Mestre
    • Grau de Maçom do Real Arco
  • Conselho Críptico (ou Maçons Crípticos)
    • Mestre Real
    • Mestre Escolhido
    • Super Excelente Mestre (grau adicional, praticado em alguns locais)
  • Comendarias Templárias (Ordem de Cavalaria)
    • Ordem da Cruz Vermelha
    • Ordem de Malta
    • Ordem do Templo (Cavaleiro Templário)

Essa organização faz com que o Rito de York seja considerado uma “escada de graus”, em que o maçom progride passo a passo, de forma encadeada e progressiva.

Características e Filosofia

  • Tradição cristã: especialmente na parte templária, o rito assume forte caráter cristão, exigindo em alguns países que seus membros professem a fé cristã para alcançar os graus cavaleirescos.
  • Praticidade ritual: os rituais do Rito de York são geralmente mais diretos e objetivos do que os do REAA, embora não menos profundos em seu simbolismo.
  • Ênfase histórica: suas lendas e narrativas giram em torno do Templo de Salomão, da tradição do Real Arco e das ordens de cavalaria cristã.
  • Unidade ritualística: apesar de dividido em corpos autônomos, o sistema é reconhecido por sua harmonia interna e sequência coerente de graus.

O Rito de York no Brasil

No Brasil, o Rito de York tem presença menor em relação ao REAA, mas vem ganhando espaço gradualmente, especialmente em lojas ligadas a obediências com laços estreitos com a Maçonaria norte-americana. Seu crescimento é motivado pelo interesse de maçons que buscam vivenciar um sistema antigo, ordenado e tradicional, com forte ligação às origens da Maçonaria moderna.

Diferença em relação ao sistema inglês moderno

É comum a confusão entre o Rito de York e o sistema inglês moderno (como o Ritual de Emulação). Porém, eles são diferentes:

  • O Rito de York funciona como uma escada de graus, em sequência progressiva e interligada.
  • O sistema inglês moderno é formado por graus independentes, sem uma ordem obrigatória de progressão (o maçom pode escolher quais corpos ingressar após a Maçonaria Azul).

🔹 Rito de Escocês Retificado

O Rito Escocês Retificado (RER) é um sistema maçônico de origem cristã e cavalheiresca, estruturado no final do século XVIII.

Ele surgiu a partir da Reforma de Lyon (1778) e do Convento de Wilhelmsbad (1782), quando se buscou “retificar” práticas maçônicas existentes, especialmente do Rito Escocês da época, aproximando-as de uma espiritualidade mais pura, com forte influência do misticismo cristão e da tradição dos Cavaleiros Templários.

Alguns pontos fundamentais do RER:

  • Cristocentrismo: ao contrário de outros ritos que permitem uma vivência deísta ou multirreligiosa, o Rito Retificado tem como base a fé cristã, sobretudo em sua dimensão moral e espiritual.
  • Ordem dos Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa (CBCS): além dos graus simbólicos (Aprendiz, Companheiro e Mestre), o RER inclui graus superiores de caráter cavaleiresco e iniciático.
  • Ética e moralidade: grande ênfase no aperfeiçoamento interior do maçom, no exercício da caridade e no combate aos vícios.
  • Influências: recebeu aportes da maçonaria francesa, da tradição templária e da doutrina mística de Jean-Baptiste Willermoz, seu principal organizador.
  • Organização: é composto por quatro graus simbólicos (os mesmos da maçonaria azul, mas com ritual próprio) e duas classes superiores (Escocismo Retificado e Cavalaria Cristã).

Em síntese, o Rito Escocês Retificado busca unir a prática maçônica com uma vivência espiritual cristã, dando-lhe um caráter mais místico e cavaleiresco em comparação a outros ritos mais filosóficos ou laicos.

Conclusão

A Maçonaria, longe de ser um mistério inacessível, é uma instituição rica em história, filosofia e simbolismo. Seus ritos representam diferentes tradições, adaptações culturais e interpretações do mesmo ideal iniciático: a busca pela Verdade e pelo aperfeiçoamento moral.

Conhecer os ritos mais praticados no Brasil é compreender melhor como a Maçonaria se desenvolveu em nosso país e no mundo, preservando sua essência enquanto se adapta às diversas culturas onde se instala.

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