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Os Altos Graus Maçônicos do REAA

Imagem aparece na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão

Desde tempos imemoriais, o ser humano busca compreender seu papel no universo. Guiado por uma chama interior que anseia por sabedoria e transcendência, ele olha para o céu em busca de respostas e para dentro de si mesmo em busca de sentido. A Maçonaria nasce como uma das mais antigas e estruturadas expressões desse anseio pela Luz. Mais do que uma associação fraternal, ela se apresenta como uma escola iniciática, simbólica e filosófica que propõe a elevação do ser humano a partir do autoconhecimento e da prática das virtudes.

Mas o que é, afinal, a Maçonaria? Para compreendê-la em sua essência, é necessário ultrapassar os véus da mera curiosidade histórica e adentrar os mistérios de seus Ritos, símbolos e graus. Esta obra tem por objetivo conduzir o leitor através de uma jornada que parte das origens da Arte Real e culmina na compreensão profunda dos graus iniciáticos, especialmente no Rito Escocês Antigo e Aceito e no Rito de York — dois pilares da tradição maçônica ocidental.

Capítulo 1: As Origens da Arte Real

A origem da Maçonaria se perde nos labirintos da história. Embora os documentos históricos mais antigos da Maçonaria especulativa datem do século XVII, muitos estudiosos e iniciados apontam para uma linhagem muito mais antiga, que remonta às corporações de construtores de catedrais medievais, aos Collegia Romanos da Antiga Roma, aos Mistérios do Egito, da Grécia e do Oriente, e até mesmo às Escolas de Mistérios da Caldéia e da Pérsia.

A Tradição Lendária

Segundo a tradição simbólica, a Maçonaria teria suas raízes no Templo de Salomão, erigido por Hiram Abiff — o arquiteto-mestre — sob os auspícios do rei Salomão, do rei Hiram de Tiro e de todo o povo hebreu. Este templo não era apenas um edifício físico, mas um símbolo arquetípico do universo e do próprio homem, cuja alma deve ser reconstruída com as ferramentas da sabedoria, da força e da beleza.

Os maçons operativos medievais, por sua vez, herdaram esses símbolos e práticas em suas obras de pedra, mas foi com o advento da Maçonaria especulativa — especialmente após a fundação da Grande Loja de Londres em 1717 — que os símbolos deixaram de representar pedras literais e passaram a apontar para os blocos do caráter e da alma do iniciado.

Capítulo 2: A Estrutura da Maçonaria Moderna

A Maçonaria moderna é composta por três pilares principais: os graus simbólicos, os graus filosóficos e as Obediências ou Potências maçônicas. Embora os detalhes possam variar conforme o país ou o rito adotado, a estrutura geral é a seguinte:

Os Três Graus Simbólicos

  1. Aprendiz – O início da jornada, marcado pela entrada simbólica na Loja e pela descoberta dos mistérios da existência. O aprendiz é o buscador, o homem bruto que começa a ser talhado.
  2. Companheiro – Representa o progresso no conhecimento e o domínio das ciências e artes liberais. Aqui o iniciado aprende a lapidar a si mesmo e a contribuir com a edificação do templo coletivo.
  3. Mestre Maçom – É aquele que experimenta a morte simbólica de Hiram Abiff e renasce para uma vida de sabedoria e serviço. Esse grau marca o ápice da maçonaria simbólica e o limiar para os graus filosóficos.

Estes três graus são universais e compõem o que se chama de Maçonaria Azul.

Os Altos Graus e os Ritos

Após o grau de Mestre, o maçom pode optar por prosseguir sua jornada nos chamados “Altos Graus”, organizados em sistemas chamados Ritos. Cada Rito possui sua estrutura, seus graus próprios, e sua forma de transmitir os mistérios maçônicos superiores. Dois desses Ritos, bastante conhecidos e praticados são:

  • Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA) – Com 33 graus, é um dos sistemas mais simbólicos e filosóficos da Maçonaria.
  • Rito de York – Mais prático e histórico, também muito difundido nos Estados Unidos, com destaque para o Capítulo, o Conselho Críptico e a Maçonaria Templária.

Clique aqui para conferir nossa Publicação sobre o Rito de York.

Nos próximos capítulos, exploraremos em detalhes cada um desses graus do REAA, seus símbolos, palavras de passe, alegorias e ensinamentos ocultos.

Capítulo 3: Os Graus Filosóficos do Rito Escocês Antigo e Aceito

Introdução ao REAA

O Rito Escocês Antigo e Aceito é uma das expressões mais completas da espiritualidade maçônica. Cada grau representa uma etapa do processo de iluminação da alma, refletindo valores morais, virtudes espirituais e grandes arquétipos da Tradição Ocidental.

A jornada começa no grau 4 e culmina no grau 33 — o ápice de uma caminhada de autossuperação e compromisso com a Ordem.

A seguir, descreveremos cada grau, seu simbolismo essencial e seus ensinamentos velados.

Graus Inefáveis (Graus 4 ao 14)

Estes graus são chamados “Inefáveis” porque lidam com os nomes sagrados de Deus e com os Mistérios do Templo de Salomão.

4º Grau – Mestre Secreto

Palavra-Chave: Obediência e silêncio.
Símbolo: Chave dourada.
O iniciado aprende o valor da discrição e da guarda dos segredos divinos. É introduzido à guarda do Templo interior e à vigilância da consciência.

5º Grau – Mestre Perfeito

Palavra-Chave: Reverência à memória.
Símbolo: Ramos de acácia.
Neste grau se cultua a memória de Hiram Abiff. Ensina-se que a virtude sobrevive à morte, e o templo interior deve ser reconstruído com moralidade e retidão.

6º Grau – Secretário Íntimo

Palavra-Chave: Lealdade.
Símbolo: Olho que tudo vê.
O maçom é iniciado no serviço direto aos reis simbólicos, representando o discernimento e a vigilância da alma.

7º Grau – Preboste e Juiz

Palavra-Chave: Justiça.
Símbolo: Balança e espada.
Neste grau o iniciado é treinado para julgar com retidão, simbolizando o discernimento entre o certo e o errado.

8º Grau – Intendente dos Edifícios

Palavra-Chave: Trabalho e responsabilidade.
Símbolo: Régua e compasso cruzados.
Aqui o maçom é encarregado da construção simbólica do templo espiritual.

9º Grau – Mestre Eleito dos Nove

Palavra-Chave: Zelo e retidão.
Símbolo: Punhal.
Neste grau dramático, o maçom participa de uma missão de justiça simbólica. Ensina a luta contra a traição e a necessidade da coragem moral.

10º Grau – Ilustre Eleito dos Quinze

Palavra-Chave: Fidelidade à missão.
Símbolo: Espada flamejante.
Representa o combate à ignorância e à deslealdade, e a purificação da alma pelo serviço à verdade.

11º Grau – Sublime Cavaleiro Eleito

Palavra-Chave: Discernimento.
Símbolo: Triângulo com letras sagradas.
O iniciado aprende que a verdadeira justiça é aquela temperada pela misericórdia.

12º Grau – Grande Mestre Arquiteto

Palavra-Chave: Conhecimento.
Símbolo: Esquadro sobre pergaminho.
Neste grau, o iniciado é ensinado sobre os segredos da geometria sagrada e da harmonia universal.

13º Grau – Mestre do Real Arco

Palavra-Chave: Verdade oculta.
Símbolo: Templo subterrâneo.
Um dos graus mais esotéricos, representa a descoberta dos segredos ocultos sob os escombros do templo interior. Aponta para o nome sagrado perdido.

14º Grau – Grande Eleito, Perfeito e Sublime Maçom

Palavra-Chave: Reintegração.
Símbolo: Triângulo com a letra hebraica Yod.
Síntese dos graus anteriores, representa o homem que purificou a si mesmo e redescobriu a centelha divina perdida. A alma reintegra-se à sua origem divina.

Capítulo 4: Os Graus Capitulares

Esses graus marcam uma mudança de paradigma: o iniciado deixa de habitar o Templo de Salomão destruído e se volta para a reconstrução de um novo Templo — desta vez, não mais feito por mãos humanas, mas dentro do coração.

Eles conduzem o Maçom da Tradição Judaica para os Mistérios Cristãos, em um percurso que culmina no grau Rosa-Cruz.

15º Grau – Cavaleiro do Oriente ou da Espada

Palavra-chave: Libertação.
Símbolo: Espada flamejante e muro rompido.
Lição: O grau representa a libertação dos cativos na Babilônia e a reconstrução do Templo. O iniciado aprende que deve libertar sua alma das cadeias do mundo profano e reconstruir seu Templo interior. Simboliza a coragem espiritual.

16º Grau – Príncipe de Jerusalém

Palavra-chave: Restauração.
Símbolo: Balança e cetro.
Lição: O maçom participa dos esforços pela justiça, fraternidade e equidade entre os homens. Representa os juízes que restabelecem a ordem espiritual. O grau ensina a liderança moral e o exercício da autoridade com humildade.

17º Grau – Cavaleiro do Oriente e do Ocidente

Palavra-chave: Transição.
Símbolo: Colunas derrubadas e reconstruídas.
Lição: Este grau representa a transição entre o Antigo e o Novo Testamento, entre a Lei e a Graça. O iniciado compreende que a sabedoria é uma luz que vem tanto do Oriente quanto do Ocidente — uma união dos mistérios judaicos e cristãos.

18º Grau – Cavaleiro Rosa-Cruz

Palavra-chave: Amor e sacrifício.
Símbolo: Rosa e Cruz.
Lição: Este é um dos mais importantes graus do REAA. O maçom Rosa-Cruz é aquele que compreendeu o sacrifício do Cristo Cósmico como arquétipo da regeneração espiritual.
Ele aprende que o verdadeiro Mestre é aquele que se sacrifica por amor à Verdade e aos seus irmãos.
É também um grau profundamente alquímico, pois ensina a união dos opostos (a rosa – beleza, e a cruz – dor) como caminho da transmutação da alma.

Capítulo 5: Conselho de Kadosh

O Conselho de Kadosh, esses graus são densos, simbólicos e profundos. Neles, o Maçom percorre um verdadeiro caminho iniciático, enfrentando seus próprios dogmas, ilusões e máscaras. É aqui que ele é confrontado com o dever de tornar-se realmente um Iniciado.

19º Grau – Grande Pontífice ou Sublime Escocês

Palavra-chave: Sabedoria espiritual
Símbolo: Altares, pergaminhos e incensos
Lição: O iniciado se torna um sacerdote da Sabedoria. Aprende que a verdadeira religião é interior, e que toda a espiritualidade ritual deve ser apenas uma representação externa de uma realidade interna. Este grau representa a elevação do Maçom à condição de intérprete da Lei Divina.

20º Grau – Mestre Ad Vitam

Palavra-chave: Imortalidade da alma
Símbolo: Colunas eternas
Lição: Ensinamentos profundos sobre a eternidade do Espírito, o Karma, a reencarnação e a necessidade da pureza moral. A maçonaria aqui toca em temas da Filosofia Universal e da Religião Perene. O Maçom aprende que é Mestre não por autoridade exterior, mas por sabedoria interior conquistada.

21º Grau – Patriarca Noaquita

Palavra-chave: Justiça universal
Símbolo: Arca de Noé
Lição: Aqui o iniciado é chamado a compreender a Lei Universal presente em todos os povos. O grau é inspirado na figura de Noé como patriarca da humanidade regenerada após o dilúvio. Ensinamentos sobre o ecumenismo, o respeito entre crenças e a moralidade universal.

22º Grau – Cavaleiro do Real Machado

Palavra-chave: Força moral
Símbolo: Machado e o carvalho
Lição: O grau representa o combate ao erro e à opressão. O iniciado aprende a usar o “machado” da razão e da ética para derrubar os troncos podres das mentiras e da corrupção humana.

23º Grau – Chefe do Tabernáculo

Palavra-chave: Consagração
Símbolo: Tenda e objetos do Templo Mosaico
Lição: O iniciado refaz o caminho do Tabernáculo hebreu, compreendendo os objetos sagrados e seus significados ocultos. Um retorno simbólico ao sacerdócio de Aarão e à Aliança entre Deus e o homem.

24º Grau – Príncipe do Tabernáculo

Palavra-chave: Disciplina espiritual
Símbolo: Turíbulo e candelabro
Lição: O iniciado é iniciado nos ritos mais profundos do Tabernáculo, sendo chamado a se tornar um verdadeiro príncipe do espírito. Este grau é altamente místico e baseado em práticas rituais esotéricas.

25º Grau – Cavaleiro da Serpente de Bronze

Palavra-chave: Cura interior
Símbolo: Serpente de Moisés
Lição: O grau representa a elevação da consciência por meio da dor, da cura e da transformação interior. O símbolo da serpente é aqui ressignificado como poder de regeneração espiritual. Profundo grau alquímico e iniciático.

26º Grau – Príncipe da Misericórdia

Palavra-chave: Compaixão
Símbolo: Coração flamejante
Lição: O iniciado aprende que, após conhecer as Leis, deve aplicá-las com misericórdia. Representa o domínio do amor sobre a frieza da justiça. Um grau profundamente cristão e espiritual.

27º Grau – Soberano Comendador do Templo

Palavra-chave: Devoção e sabedoria
Símbolo: Cálice e espada cruzada
Lição: Uma continuação do Rosa-Cruz, mas em um nível mais elevado. O iniciado é um defensor do Templo invisível da Verdade. Este grau é cercado de simbolismos ligados aos Templários e aos mistérios gnósticos.

28º Grau – Cavaleiro do Sol ou Príncipe Adepto

Palavra-chave: Iluminação
Símbolo: Sol radiante, triângulo e serpente
Lição: O grau do Iluminado. O Maçom atinge aqui a plena consciência espiritual e o domínio do Conhecimento Hermético. Este grau está ligado à Cabala, ao Hermetismo e à Tradição Rosa-Cruz. Representa o Sol espiritual iluminando as trevas da ignorância.

29º Grau – Grande Escocês de Santo André

Palavra-chave: Fidelidade e sacrifício
Símbolo: Cruz em X (cruz de Santo André)
Lição: Um grau de lealdade absoluta à missão espiritual. O iniciado é chamado a sacrificar seus próprios interesses em nome da Verdade. A cruz em forma de X simboliza a cruz do discípulo fiel.

30º Grau – Cavaleiro Kadosh ou Cavaleiro da Águia Branca e Negra

Palavra-chave: Santidade e combate moral
Símbolo: Águia bicéfala, cruz negra e espada
Lição: Um dos graus mais emblemáticos do REAA. “Kadosh” significa “santo” em hebraico. O Maçom é aqui um guerreiro consagrado à Verdade e à Justiça, pronto para combater o erro com firmeza e integridade. É o verdadeiro Cavaleiro da Alma.

Capítulo 6: Graus Administrativos e Superiores – O Cume da Pirâmide Iniciática

Estes graus não são meramente honoríficos. Cada um carrega consigo um peso simbólico, moral e espiritual que exige do Iniciado o mais elevado senso de responsabilidade. Eles representam o ápice da edificação interior, onde o Maçom torna-se um pilar vivo da Tradição e da Justiça Universal.

31º Grau – Grande Inspetor Inquisidor Comendador

Palavra-chave: Julgamento e Retidão
Símbolos: Balança, espada e o livro da Lei
Lição: Este grau simboliza o papel do iniciado como juiz de si mesmo e dos seus irmãos, não no sentido profano, mas como um guardião da moral e da consciência maçônica.
Neste estágio, o Maçom é convidado a refletir sobre o equilíbrio entre justiça e misericórdia, sendo ele mesmo o templo onde esse julgamento é exercido.
É o grau do discernimento supremo: não basta conhecer as Leis — é necessário aplicá-las com sabedoria.

32º Grau – Sublime Príncipe do Real Segredo

Palavra-chave: Harmonia universal
Símbolos: Delta luminoso, compasso e espada flamejante
Lição: Aqui, o Maçom se torna detentor do chamado “Real Segredo”, que nada mais é do que a união perfeita entre Amor, Vontade e Sabedoria.
Este grau é uma síntese de todos os anteriores e representa o reencontro da alma com sua centelha divina.
O iniciado agora contempla o sentido último da Obra: a reintegração do homem à sua essência sagrada.
Também é neste grau que o Maçom passa a atuar simbolicamente na administração suprema do Rito.

33º Grau – Soberano Grande Inspetor Geral

Palavra-chave: Suprema Consagração
Símbolos: Águia bicéfala com a coroa imperial e o número 33
Lição: Este é o grau supremo do Rito Escocês Antigo e Aceito. Mas sua grandeza não está no título — e sim na renúncia do ego, na plena entrega à Verdade e à missão espiritual da Maçonaria.
O Maçom 33º é o servidor supremo da Luz. Ele não comanda com poder terreno, mas conduz com exemplo e humildade.
A Águia Bicéfala neste grau representa a visão do Alto e do Baixo, do material e do espiritual, do Oriente e do Ocidente — ou seja, a visão completa daquele que transcendeu as limitações humanas e se tornou um verdadeiro Iniciado.

Encerramento: A Obra Nunca Termina

Com o 33º grau, o iniciado não “chega ao fim”, mas compreende que todo fim é um novo começo. A escada de Jacó, símbolo central do progresso maçônico, continua a subir aos céus infinitos da sabedoria. O homem agora não busca títulos, mas serviço à humanidade, pureza de coração e união com o Sagrado.

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