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Estou negando a Cristo por ser Maçom? A Verdade sobre Fé Cristã e Maçonaria

Homem cristão e maçom entre templo e igreja, simbolizando harmonia entre fé e Maçonaria.

Estou negando a Cristo por ser Maçom?

Essa é uma pergunta que, em algum momento, surge no coração de muitos irmãos que vivem entre dois mundos: o da fé cristã e o da Maçonaria. Curiosamente, é uma questão que raramente nasce dentro da própria Ordem — mas sim fora dela, em ambientes religiosos que pouco compreendem o que realmente é a Maçonaria, e ainda menos o que representa a Liturgia Maçônica em seus diversos Ritos e em especial o Rito Escocês Retificado (RER).

No entanto, para quem conhece o Maçonaria, a resposta é simples e direta: não, um maçom não está negando a Cristo, muito pelo contrário. Na verdade, ele é chamado a testemunhar sua fé de forma ainda mais consciente e ativa.

O Rito Escocês Retificado

O RER é, por essência, um rito cristão. Diferente de outros sistemas maçônicos que se abrem a diversas tradições religiosas, o Retificado exige que o iniciado professe a fé cristã. Essa não é uma recomendação opcional — é uma condição de ingresso.
O próprio texto ritual deixa claro: o homem deve professar “a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus vivo, Redentor do mundo”.

No Retificado, Cristo não é uma metáfora simbólica ou um arquétipo moral. Ele é reconhecido como o centro da Obra Divina e o único mediador entre Deus e os homens. A cada instrução e em cada grau, o iniciado é lembrado de que sua jornada interior só alcança plenitude pela restauração da semelhança divina em Cristo — aquilo que os antigos chamavam de reintegração do ser.

O RER é, portanto, uma via iniciática inteiramente compatível com a fé cristã tradicional.
Longe de afastar o homem de Cristo, ele o chama a refletir sobre a profundidade de sua própria vida espiritual.

A contradição vivida no meio cristão

O que causa desconforto a muitos maçons cristãos é a contradição vivida fora dos templos maçônicos.
Na Maçonaria, ninguém exige que se negue a Cristo ou exija que o Maçom deixe de professar sua fé.
Pelo contrário, o iniciado é incentivado a “não se envergonhar de sua fé”, a professá-la em todo lugar, e a viver de forma reta e justa.

Por outro lado, em muitos ambientes religiosos, o simples fato de alguém pertencer à Maçonaria, trona-o alvo de preconceitos, torna-o visto como uma pessoa em pecado, que estaria afastado da fé e até mesmo considerado traidor.
O mesmo cristão que, na Loja, é livre para orar em nome de Cristo Jesus, precisa — paradoxalmente — esconder sua condição maçônica dentro da igreja para não ser julgado ou excluído.

E é nesse ponto que nasce o dilema:

“Não preciso negar a Cristo na Maçonaria, mas preciso esconder minha condição de maçom na igreja que frequento.”

Essa contradição não é teológica, mas humana. Ela nasce da ignorância e do preconceito, não da doutrina cristã nem da tradição maçônica. A verdadeira Maçonaria não se opõe à fé; e a fé genuína, quando livre de dogmatismos, não teme o conhecimento. Na igreja à qual muitos de nós pertencemos, a situação é diferente. Alguns ambientes cristãos ainda carregam preconceitos ou desinformações em relação à Maçonaria. E, por isso, o irmão que deseja servir e participar ativamente precisa esconder sua condição de maçom.

Caminhos distintos, essência comum

Para conciliar essas duas realidades, é preciso estabelecer limites claros e saudáveis:

Discrição consciente:
Manter a Maçonaria em silêncio no contexto da igreja não é negar a fé, mas preservar a integridade do serviço e a paz no ambiente em que se atua.

Separação de espaços:
Cada caminho tem seu propósito e sua função.
A igreja é espaço de serviço e adoração;
a Maçonaria, espaço de estudo, reflexão e crescimento pessoal.
O equilíbrio vem do respeito a esses limites.

Unidade interior:
Mesmo separados externamente, os valores que se cultivam em cada caminho podem se reforçar mutuamente.
Ética, amor fraternal, busca da verdade e aperfeiçoamento do caráter são princípios que atravessam ambos os mundos.

O cristão maçom aprende, assim, que a fé não se prova por aparências, e que a verdadeira sabedoria reside em caminhar com integridade, mesmo quando os ambientes parecem contraditórios.

Fé, razão e caminho interior

Cristo não veio apagar a razão — veio iluminá-la.
A Maçonaria, em sua expressão mais pura, não veio substituir a fé — veio ordená-la pela razão e pelo símbolo, ajudando o homem a compreender, por meio dos ritos e alegorias, as verdades espirituais que a Igreja preservou por séculos.

O cristão que é maçom e vive sua fé com sinceridade não está dividido entre dois senhores.
Ele serve ao mesmo Deus, busca a mesma Verdade e pratica o mesmo Amor.
A diferença é que ele compreende que a espiritualidade pode se expressar por múltiplas vias — uma sacramental, outra iniciática — mas ambas conduzem à mesma origem divina.

O convite à perseverança consciente

O convite, portanto, é à perseverança consciente.
Não se trata de viver duplicidade, mas de reconhecer que cada espaço tem suas regras e exigências, e que é possível cumpri-las sem trair a essência.

Para irmãos que compartilham dessa experiência, a reflexão é clara:
não há necessidade de abandonar nenhum dos caminhos.
O crescimento espiritual é compatível com a prudência e o discernimento.
A liberdade interior e a coerência do coração são mais importantes do que qualquer expectativa externa.

O verdadeiro desafio do cristão maçom não é escolher entre Cristo e a Maçonaria, mas viver ambos com fidelidade, equilíbrio e discernimento — reconhecendo que a Luz não depende de aprovação, e que o serviço e o estudo podem coexistir, mesmo em contextos que exigem silêncio e prudência.

Caminhar entre mundos com fidelidade

Aos irmãos cristãos e maçons que enfrentam o peso do julgamento, o conselho é simples: perseverem.
Não há necessidade de confronto, nem de negar sua identidade.
O tempo e o testemunho silencioso revelam mais do que debates.

Ser cristão é viver o Evangelho; ser maçom é colocar em prática a caridade, a fraternidade e a busca pela verdade.
Ambas as vocações se completam quando o coração está firmado no Amor.

Lembre-se: Cristo jamais rejeitou aquele que buscava sinceramente a luz.
E é essa luz — a Luz que “ilumina todo homem que vem ao mundo” — que também é buscada dentro do Templo Maçônico.

O verdadeiro iniciado é aquele que consegue caminhar entre mundos diferentes sem perder a essência da alma, sem trair o chamado interior e sem deixar de servir com amor, assim como nosso Senhor Jesus Cristo o fez.

Nota do Círculo de Estudos Maçônico do Brasil

Este texto é um convite à reflexão serena sobre o diálogo possível entre fé e iniciação.
O Círculo de Estudos Maçônico do Brasil reafirma que a Maçonaria, quando compreendida em sua dimensão simbólica e espiritual, não se opõe à fé cristã, mas convida o homem a viver de modo mais consciente, ético e fraterno — sob a mesma Luz que procede de Deus e conduz todo buscador sincero ao centro do seu próprio ser.

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Siga o Círculo de Estudos Maçônico do Brasil para mais reflexões sobre espiritualidade, ética e iniciação.

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