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Grau de Mestre Maçom (Grau 3)

O Grau de Mestre Maçom é o ponto culminante da Maçonaria Simbólica, encerrando o ciclo de formação dos três primeiros graus. Com ele, o obreiro deixa de ser apenas um aprendiz da arte para tornar-se guardião de seus mistérios. Trata-se do grau mais carregado de simbolismo, e também o mais denso em termos filosóficos, morais e espirituais. Nele, o maçom é confrontado com a maior de todas as verdades: a transitoriedade da vida e a necessidade de transcender a matéria.

Neste artigo, vamos compreender o que representa o Grau de Mestre, quais os seus principais símbolos, rituais e ensinamentos, e por que ele é considerado a chave para a verdadeira iniciação interior.

O Terceiro Grau e a Jornada do Maçom

A Maçonaria é composta, em sua base simbólica, por três graus: Aprendiz, Companheiro e Mestre. Cada um deles representa uma etapa do desenvolvimento do ser humano.

  • No Grau de Aprendiz, o maçom inicia sua jornada, buscando o autoconhecimento e a lapidação de seus vícios.
  • No Grau de Companheiro, ele aprofunda os estudos e aprende a raciocinar, a refletir, e a trabalhar com os outros.
  • No Grau de Mestre, ele confronta o mistério da morte, aprende a renascer espiritualmente e compreende que o conhecimento verdadeiro só é acessível àqueles que estão dispostos a sacrificar suas ilusões.

O terceiro grau, portanto, não é apenas um avanço ritualístico, mas uma transição espiritual. O obreiro já não busca apenas lapidar a pedra bruta, mas tornar-se a própria obra-prima do Grande Arquiteto do Universo.

A Lenda de Hiram Abiff

No coração do Grau de Mestre está a lenda de Hiram Abiff, o arquiteto do Templo de Salomão. Hiram representa o ideal do Mestre: fiel aos seus compromissos, guardião dos segredos, construtor silencioso da Verdade.

Segundo a lenda, três companheiros — impacientes e indignos — exigiram dele a Palavra Sagrada do Mestre. Hiram, recusando-se a trair os princípios que jurou guardar, foi assassinado. Seu corpo foi enterrado secretamente, e sua ausência causou luto em toda a Ordem.

Este drama iniciático simboliza o sacrifício da sabedoria diante da ignorância, a vitória da virtude sobre o egoísmo, e a necessidade de morrer simbolicamente para renascer como verdadeiro iniciado.

A Morte Iniciática e o Renascimento

A iniciação no Grau de Mestre envolve uma experiência simbólica de morte. O obreiro é levado ao túmulo de Hiram, onde participa de um ritual que representa sua própria morte simbólica e posterior ressurreição.

Esse momento marca o fim do homem profano e o nascimento de um novo ser. A morte simbólica não é um fim, mas um rito de passagem. Representa o abandono do ego, das ilusões e das vaidades mundanas, para que a alma possa buscar a luz do verdadeiro conhecimento.

Este é o ensinamento central do grau: só quem morre para o mundo pode viver para o espírito.

Os Grandes Símbolos do Grau de Mestre

O Grau de Mestre é rico em simbolismo. Os elementos utilizados nos rituais e ensinamentos deste grau são profundos e exigem meditação constante.

A Acácia

Símbolo da imortalidade da alma e da pureza. Foi com um ramo de acácia que os mestres encontraram o túmulo de Hiram. Representa a certeza de que a essência espiritual não morre.

O Túmulo

Símbolo do repouso eterno, mas também do ventre da terra, onde o homem é regenerado. É no túmulo que se dá o reencontro com a verdade.

A Prancheta da Loja

A Prancheta é uma das três Joias Fixas da Loja, juntamente com a Pedra Bruta e a Pedra Cúbica. No R.E.A.A., ela é representada por um quadro retangular com proporções de 3:4, geralmente medindo cerca de 36 cm por 48 cm. Este quadro é apoiado no chão, encostado na parte frontal do Altar do Venerável Mestre, com sua face voltada para o Ocidente.​

Dois símbolos são desenhados na Prancheta:​

  1. Paralelas Cruzadas: Representam o “limitado”, simbolizando a consciência humana e os limites da liberdade.​
  2. Cruz de Santo André (X): Simboliza o “ilimitado” ou o “infinito”, representando a incompreensão humana diante da sabedoria divina.​

Esses símbolos também fazem parte do alfabeto maçônico, sendo utilizados na formação de caracteres simbólicos.​

Função na Loja

A Prancheta serve como suporte para que o Mestre trace os planos da Obra, orientando Aprendizes e Companheiros. Ela representa a memória do Mestre e a continuidade dos trabalhos na Loja.​

A Prancheta do Mestre é um símbolo profundo que une aspectos geométricos, filosóficos e espirituais, reforçando o papel do Mestre como guia e construtor dentro da Maçonaria.

A Palavra Perdida

Na lenda, a Palavra Sagrada se perde com a morte de Hiram. Essa perda representa a perda do contato com o divino. A busca pela Palavra é a busca pela Sabedoria que transcende a razão.

Instrumentos do Mestre

Os instrumentos de trabalho do Mestre Maçom são:​

  1. Esquadro Perfeito: Simboliza a retidão moral e a integridade, representando a perfeição que o Mestre Maçom deve buscar em suas ações e pensamentos.​
  2. Compasso: Representa a sabedoria e a capacidade de traçar limites justos, indicando o equilíbrio entre o material e o espiritual.​
  3. Colher de Pedreiro (ou Espátula): Utilizada para espalhar a argamassa que une as pedras, simboliza o dever do Mestre Maçom de promover a união e a fraternidade entre os irmãos.​

Esses instrumentos destacam-se pela liberdade e flexibilidade de movimentos, contrastando com a rigidez dos instrumentos dos graus anteriores, especialmente do segundo grau. Essa característica simboliza a maturidade e a autonomia que o Mestre Maçom alcança em sua jornada, permitindo-lhe aplicar os ensinamentos maçônicos com discernimento e responsabilidade.​

Além disso, a simbologia desses instrumentos enfatiza a importância da ética, da sabedoria e da fraternidade na conduta do Mestre Maçom, refletindo seu compromisso com os princípios fundamentais da Maçonaria.

Os Mistérios do Grau

O Grau de Mestre guarda segredos que não podem ser transmitidos por palavras. Seus símbolos e alegorias são convites à reflexão interior. O verdadeiro Mestre sabe que a Maçonaria é, acima de tudo, um caminho de autoaperfeiçoamento e libertação espiritual.

O segredo de Hiram não está nas palavras, mas na conduta. Não se revela com a voz, mas com o exemplo. O Mestre é aquele que vive a Maçonaria — não aquele que apenas repete seus ritos.

A Ética do Mestre Maçom

O Mestre Maçom deve ser um exemplo vivo de virtude. Espera-se dele:

  • Fidelidade aos juramentos;
  • Prática da justiça em todas as circunstâncias;
  • Caridade verdadeira e silenciosa;
  • Sabedoria no falar, moderação no agir;
  • Defesa da Verdade, mesmo diante do sacrifício pessoal.

O Mestre não é um superior hierárquico, mas um servidor da Luz. Seu compromisso é com a Verdade, com a Fraternidade e com a construção do Templo interior.

O Grau de Mestre e a Tradição Iniciática

Este grau conecta a Maçonaria com as grandes tradições iniciáticas da antiguidade. A morte e ressurreição do iniciado estão presentes nos mistérios de Osíris, de Mitra, de Dionísio e de Cristo.

O ritual maçônico não copia essas tradições — ele as continua, adaptando sua linguagem ao espírito moderno, mas mantendo viva a chama da Sabedoria perene.

Considerações Finais

O Grau de Mestre Maçom é mais do que um rito: é uma experiência de vida. Nele, o iniciado compreende que o verdadeiro templo não está feito de pedras, mas de virtudes. Ele aprende que o maior segredo da Maçonaria é a transformação interior.

Ser Mestre é renascer. É tornar-se construtor da própria alma. É guardar os mistérios com silêncio, sabedoria e humildade. É buscar a Palavra Perdida — que está oculta, não no mundo, mas no coração daquele que verdadeiramente busca a Luz.

Na próxima publicação, exploraremos juntos os segredos e ensinamentos dos Altos Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, abordaremos o 4º Grau, o de Mestre Secreto.

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