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Grau 28 da Maçonaria – Cavaleiro do Sol ou Príncipe Adepto do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA)

Recordamos aos Irmãos, bem como aos profanos interessados, que qualquer estudo sobre Maçonaria dirigido ao público externo deve conter somente informações de caráter geral — aquelas que já se encontram nos livros introdutórios de história, simbologia e filosofia maçônica. Os ensinamentos considerados reservados, transmitidos exclusivamente em Loja e nos momentos apropriados, permanecem restritos aos Iniciados da Ordem.

Portanto, tudo o que será exposto aqui está rigorosamente dentro dos limites do sigilo maçônico e tem como propósito maior promover o aperfeiçoamento ético, intelectual e espiritual daqueles que desejam beber dessa fonte de Luz que é a nossa Sublime Ordem Maçônica.

Introdução

O Grau 28 do Rito Escocês Antigo e Aceito, conhecido como Cavaleiro do Sol ou Príncipe Adepto, marca a transição do mundo das sombras intelectuais para a plena iluminação da consciência. É um grau profundamente esotérico, impregnado de simbolismos solares, herméticos, pitagóricos, alquímicos e cabalísticos, e representa a culminância de uma longa trajetória em busca da verdadeira sabedoria. Neste estágio, o Iniciado é convocado a se tornar um verdadeiro Adepto: aquele que transcende os véus da ilusão e se une à Luz Suprema, tornando-se um propagador consciente dos princípios cósmicos, éticos e espirituais que regem o universo.

Diferentemente dos graus anteriores, que se apoiam em narrativas bíblicas ou históricas, o Grau 28 tem um caráter filosófico e esotérico universalista. Ele sintetiza ensinamentos milenares vindos do Egito, da Grécia, da Tradição Rosa-Cruz, do Zoroastrismo, da Cabala e de escolas iniciáticas orientais. O título do Grau não é apenas um título simbólico, mas a consagração de um Mestre que aprendeu a governar a si mesmo, a dominar suas paixões, a interpretar os símbolos do mundo e a irradiar o conhecimento como o próprio Sol, fonte de luz, vida e verdade.

Contexto Filosófico e Histórico do Grau

O 28º Grau, conhecido como Cavaleiro do Sol, tem raízes profundamente ancoradas nas tradições herméticas. Sua essência é permeada por conceitos alquímicos e doutrinas gnósticas, o que o torna de difícil assimilação por parte de irmãos que ainda não se familiarizaram com essas correntes filosóficas e espirituais. Conforme o pesquisador Rogers, este grau teria sido estruturado por volta de 1765, no seio da Loja-mãe escocesa da cidade de Marselha, supostamente por um viajante erudito chamado Georges de Walmon — um aristocrata vinculado ao círculo do príncipe pretendente ao trono britânico, Carlos Eduardo Stuart.

Por outro lado, o autor Jean Palou associa este grau a uma invocação ao Espírito Santo, que, em linguagem esotérica, representa a unidade primordial em contraste com a multiplicidade das manifestações. No universo simbólico do hermetismo, isso corresponde à união entre a anima (alma) e o spiritus (espírito vital), componentes que, segundo a tradição cristã, se unem na figura do Cristo, e, segundo os alquimistas, são sintetizados na emblemática Pedra Filosofal.

A Palavra Sagrada atribuída ao grau, significa “Pai ou Rei Imaculado” e é frequentemente usada em textos gnósticos e herméticos para se referir a uma divindade pura e incorruptível, sendo um título que muitos autores desses círculos místicos atribuíam a Jesus Cristo.

Outra teoria sobre a origem do grau é apresentada por Da Camino, que afirma que o 28º Grau teria sido concebido pelo padre Perrueti, fundador da seita dos Iluminados de Avinhão. No entanto, a ausência de fontes comprovadas torna essa hipótese difícil de verificar com rigor histórico.

Dada a própria estrutura iniciática e simbólica do grau, repleta de referências à alquimia espiritual e ao gnosticismo, a interpretação de Rogers parece mais plausível. Ele defende que esse grau está intimamente ligado às práticas dos adeptos da Arte Hermética — os quais se viam como “cidadãos do mundo”, desprovidos de fronteiras geográficas, unidos por uma filosofia universal. Esta postura mais tarde seria compartilhada pelos pensadores rosacruzes, que incorporaram os princípios do hermetismo à Maçonaria especulativa.

Rogers também destaca as similaridades entre o ritual original do Cavaleiro do Sol, datado de meados do século XVIII, e os ensinamentos tradicionais da alquimia, expressos em uma sequência de perguntas e respostas que abriam a cerimônia de elevação ao grau. Vejamos uma reformulação desse antigo diálogo:

Pergunta: O que simboliza o Sol?
Resposta: Ele representa o Princípio Uno, o Ser Absoluto, e a substância primordial da Grande Obra Filosófica.

Pergunta: E os três castiçais?
Resposta: Correspondem às três fases do fogo alquímico, necessárias à transmutação da matéria inicial.

Pergunta: Qual o sentido dos sete planetas?
Resposta: São as sete tonalidades principais que emergem durante o processo de purificação da matéria.

Pergunta: E os sete querubins?
Resposta: Representam os sete metais fundamentais utilizados na alquimia.

Pergunta: O Espírito Santo?
Resposta: É o sopro vital que permeia todos os níveis da criação — vegetal, mineral e animal.

Pergunta: O que significa a cruz?
Resposta: Alude ao Cristo redentor, cuja morte simboliza a regeneração da natureza. Assim como Ele purificou a humanidade, a Obra Alquímica purifica os metais e promove a cura do corpo, dando origem ao ouro potável e imortal.

Pergunta: Qual o significado do caduceu?
Resposta: É o símbolo do mercúrio duplo extraído da natureza, substância que, ao ser fixada, se converte em prata ou ouro.

Pergunta: O que representa o termo “stibium”?
Resposta: É uma palavra-senha usada pelos Filósofos, referindo-se ao antimônio, do qual se extrai o Alkalës — substância que representa a Obra Maior dos Alquimistas.

Esse conjunto de respostas revela de maneira clara o quanto o grau, em sua origem, estava profundamente imerso nas doutrinas esotéricas da alquimia. Elementos adicionais que surgiram posteriormente, como referências de cunho político, foram inseridos em resposta aos contextos históricos específicos, demonstrando a capacidade de adaptação da Maçonaria aos desafios de cada época.

Ornamentação da Loja e desenrolar do Grau

A ambientação ritual do grau 28 simboliza o Jardim do Éden, local sagrado que, conforme a tradição, permanece inacessível desde a expulsão da humanidade. A entrada dessa esfera celeste é guardada por sete querubins, e no coração desse território sagrado situa-se uma gruta, cenário da cerimônia iniciática. Quando os primeiros seres humanos foram afastados do paraíso, os querubins receberam a missão divina de impedir qualquer retorno. Desde então, esse Jardim tornou-se símbolo da pureza perdida, da integridade anterior à queda, seja do ponto de vista pessoal — como estado ideal de consciência —, seja como arquétipo de uma sociedade perfeita e ordenada. O homem, ao longo da história, tenta resgatar essa condição perdida por meio de ritos sagrados e práticas espirituais.

Esse estado ideal — individual ou coletivo — tem sido historicamente associado ao mito solar. Filósofos como Giordano Bruno o identificavam com o ciclo do Sol, e nas civilizações antigas, como a egípcia, o deus solar Rá representava a expressão máxima do divino. Já a ciência contemporânea reconhece na luz solar o elemento fundamental à existência da vida. Não é, pois, surpreendente que o simbolismo maçônico dedique um grau inteiro à contemplação dessa força primordial, compreendendo o Sol como um arquétipo da Divindade, fonte geradora e sustentadora de toda a natureza.

Jóia do Grau 28 do REAA

O painel simbólico deste grau apresenta uma cena banhada exclusivamente pela luz solar. No centro da imagem, figura um triângulo onde se lê três letras “S”, formando a tríade science, sagesse, sainteté — ciência, sabedoria e santidade. Essa divisa, cara aos filhos de Hermes, representa um princípio alquímico essencial: o verdadeiro conhecimento deve ser guiado pela sabedoria, sob pena de degenerar em poder destrutivo. Uma ciência divorciada da consciência moral, utilizada de forma egoísta ou maliciosa, torna-se nociva. No entanto, quando o saber é iluminado pela sabedoria, transforma o homem em alguém digno de veneração espiritual.

Na alquimia, o mesmo tríplice “S” era interpretado de forma cosmológica: o Sol, como “rei do universo”, ocupa seu trono radiante (stelato sedet solio). Sob a ótica gnóstica moderna, essa imagem também sugere a complexa estrutura atômica do cosmos e as múltiplas interações entre suas forças constituintes, responsáveis pela conformação do mundo material.

Outro elemento marcante do painel é a figura feminina ajoelhada em êxtase, com o rosto parcialmente velado, posicionada sobre uma nuvem flutuando acima de um globo terrestre circundado por um rio, com a palavra stibium (antimônio) inscrita abaixo. Essa mulher representa a “Virgem Mineral” — a Terra primordial — da qual, segundo antigos mitos, foi moldado o primeiro homem. Ela encarna a Mãe Terra, manifestada sob diferentes arquétipos ao longo das culturas: Vênus, Ísis, Minerva, Maria e Pistis Sophia. Em todas essas faces, ela simboliza o princípio feminino universal, matriz da vida e da regeneração.

Nesse grau, o dirigente da Loja é denominado “Pai Adão”, também chamado de Primeiro Homem ou Patriarca dos Patriarcas. Ele representa o “homem desperto”, aquele que realizou a Grande Obra e atingiu o estado do homem universal — o ideal maçônico por excelência. É a encarnação do homem terrestre em harmonia com seu reflexo celeste, uma síntese viva da imagem e semelhança com o divino.

Sendo o Éden a expressão do céu na Terra, o homem que nele habitava antes da queda representa o arquétipo da perfeição humana. O Venerável Mestre, portanto, encarna esse arquétipo, um Adão anterior à transgressão, símbolo da pureza original que a Maçonaria busca restaurar no iniciado.

Segundo o ritual datado de 1765 e analisado por Rogers, o rio que envolve o globo terrestre simboliza as paixões humanas que, embora perigosas, são essenciais ao desenvolvimento da vida — assim como a água fecunda a terra. Esse rio, segundo a cosmologia de Hesíodo em sua Teogonia, era conhecido como Ôkénos, o grande Oceano primordial. Era tido como pai de todas as águas e, junto de Tétis (a Lua), progenitor dos deuses e de todas as criaturas vivas. Essa tradição sugere uma intuição ancestral sobre a origem marinha da vida, algo que também foi defendido por Tales de Mileto no século VI a.C.

No contexto simbólico maçônico, esse rio desempenha um papel semelhante ao da serpente uraeus no Egito Antigo: ele representa o fluxo cíclico da vida, o movimento constante de renovação, a morte necessária para o renascimento perpétuo. O livro do Gênesis descreve um “vapor que subia da terra e irrigava o solo”, evocando essa mesma imagem da vida que se perpetua em ciclos intermináveis de transformação.

O Primeiro Vigilante da Loja, denominado “Irmão Verdadeiro”, representa o chefe dos querubins que vigiam o Éden. Em seu cetro, um triângulo abriga o “Olho Dourado”, símbolo da visão onipresente do Criador — também identificado ao Olho de Osíris ou ao de Rá, divindades solares egípcias — que contempla o universo em todas as suas camadas e dimensões.

Os sete altares do templo deste grau correspondem aos sete querubins guardiões, que ao mesmo tempo são os regentes planetários no sistema gnóstico tradicional: Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Seus nomes, segundo o ritual, são: Zaraquiel, Tsafiel, Ouriel, Rafael, Gabriel, Hemaliel e Michael. Alguns desses nomes são familiares por aparecerem nas Escrituras (como Gabriel, Miguel, Rafael e Hamaliel), enquanto outros derivam de textos gnósticos e do Zohar, importante obra cabalística.

Na Doutrina Secreta de Blavatsky, o poder gerador do universo é identificado como Fohat, uma energia cósmica primordial, semelhante à eletricidade, que teria emergido do intelecto do Pai Celeste e do seio da Mãe Universal. Esta energia, ao se polarizar, torna-se masculina e feminina — positiva e negativa — e dá origem a seis outras manifestações, que são seus irmãos e filhos ao mesmo tempo: eletricidade, som, magnetismo, coesão, calor e força. Sob uma ótica científica, são forças que regem as leis naturais do universo; sob o prisma esotérico, são os “Obreiros Cósmicos”, os “anjos artífices” que moldam a realidade.

Na tradição cabalística, a criação do universo é entendida como uma obra espiritual consciente, sob a supervisão de inteligências celestiais — e não como um processo cego, movido apenas por leis materiais. A escola gnóstica do bispo Valentino sustentava que a Igreja sempre teve ciência de que Jeová não era o Deus Supremo, mas sim uma manifestação intermediária — um Elohim. No relato da Criação do Gênesis, o “façamos o homem à nossa imagem” indica um ato coletivo, realizado por uma Ordem Angélica, e não por uma única divindade. Essa Ordem, conforme a Árvore da Vida da Cabala, atua em uma das dez etapas do processo criativo, cada uma liderada por um Arcanjo específico.

Dessa forma, o grau 28, intitulado Cavaleiro do Sol, honra ao mesmo tempo a Arte de Hermes e as doutrinas gnósticas e cabalísticas. É um grau de profunda beleza simbólica e elevada espiritualidade, que conduz o iniciado por caminhos luminosos da sabedoria ancestral, onde a ciência se une à revelação, e a luz do Sol se transforma em guia para a transfiguração do homem interior.

Paramentos do Grau

O Avental do grau é branco, com um Hexagrama e no centro o Olho Que Tudo Vê;
O Colar do grau é branco, com o Olho Que Tudo Vê bordado;
A Jóia do grau, como pingente, que é uma estrela de cinco pontas e um Sol radiante em seu interior.

Os Símbolos Principais do Grau 28

Este Grau é cercada por instrumentos simbólicos, alegorias, números e expressões veladas que remetem à tradição dos antigos colégios sacerdotais do Egito, da Caldéia, da Índia, da Grécia e das Escolas Pitagóricas e Platônicas, como já mencionado, desta forma, fazendo com que a iconografia do Grau, seja uma das mais ricas Rito Escocês Antigo e Aceito. Entre seus principais símbolos estão:

O Sol, astro que ocupa o centro do nosso sistema e, simbolicamente, também o centro do conhecimento e da consciência do iniciado. O Cavaleiro do Sol é aquele que transcendeu as trevas da ignorância e foi iluminado pelas verdades eternas. Em todas as culturas iniciáticas, o Sol, é o princípio masculino gerador, fonte da luz espiritual, símbolo do Verbo divino e da inteligência cósmica.

No REAA, esse símbolo solar transcende a mera representação astronômica ou mitológica. Ele se converte em um arquétipo: o da consciência desperta, do iniciado que agora brilha como um novo sol, pois tornou-se espelho da luz divina. A luz solar, em termos alquímicos, representa o fogo filosófico, o calor que ativa a transmutação interior, a pedra oculta dos sábios que desperta a consciência do homem adormecido. Este fogo é ao mesmo tempo espiritual e moral, pois destrói as impurezas da alma e forja o caráter do Adepto, representando: O centro de irradiação da Verdade Universal; A Consciência Superior do Iniciado; A fonte de toda Sabedoria e Revelação; A Luz do Logos, o Verbo Divino; A verdade que dissipa a ilusão; A justiça que combate a tirania; A clareza que desmascara a hipocrisia.

É importante salientar que, o Cavaleiro do Sol não adora o astro-rei como os antigos faziam, mas compreende que a sua luz é apenas reflexo da Luz do Grande Arquiteto do Universo, que brilha no centro do próprio ser.

Nas tradições antigas – egípcia, persa, pitagórica, hermética – o Sol era sempre símbolo do princípio divino manifestado no mundo visível.

O Delta radiante
O ponto dentro do círculo
Leão com a Espada Flamejante

Outros elementos simbólicos e importantes contidos no Grau 28 do REAA, são:

  • O Delta radiante (Triângulo com o Olho de Deus), símbolo do Logos, do princípio criador universal e da Onisciência divina. No contexto do Grau, representa a revelação direta da Vontade Suprema, que agora pode ser compreendida pelo Iniciado.
  • O Círculo com um ponto no centro, conhecido desde a antiguidade egípcia, representa a união do princípio ativo (masculino) com o passivo (feminino), a síntese de todas as polaridades. No contexto do Grau 28, remete também à presença divina no centro de todas as coisas.
  • O Leão com a Espada Flamejante, símbolo da força moral, da coragem espiritual e da vigilância constante que o Príncipe Adepto deve manter para defender os princípios da Verdade contra as forças da ignorância e da superstição.
  • A serpente enrolada no bastão: associada à sabedoria e ao domínio das forças ocultas da natureza, evocando também a kundalini dos hindus e o caduceu de Hermes.
  • A Tábua de Esmeralda, Trata-se de um texto hermético escrito por um (ou alguns) alquimista nos primeiros séculos da era cristã, o qual fala das excelências da pedra filosofal e alude à sua fórmula de obtenção.
  • O Selo de Salomão, símbolo tradicional na cultura hebraica. Também chamado de Escudo de Davi, era o sinete com o qual se reconhecia a autenticidade dos documentos na comunidade israelita. Considerado um símbolo místico, tornou-se uma marca pela qual os judeus se reconhecem no mundo. Denota o poder e a união desse povo com Deus, razão pela qual se tornou um símbolo de larga utilização, não só pelos judeus, mas também por todos os místicos de um modo geral. Ele simboliza a união do céu com a terra. Para os  cristãos esse símbolo é a representação da estrela guia que levou os três reis magos até a estrebaria onde o menino Jesus nasceu. Composto por um par de triângulos superpostos um sobre o outro, ele forma uma estrela de seis pontas. É um símbolo extremamente significativo. Iremos encontrá-lo em vários produtos ligados aos cultos esotéricos e até em marcas de cervejas. O seu significado místico, porém, é mais profundo. Na verdade, o Selo de Salomão representa o hexagrama do universo, onde em cada ponta está reflectido um atributo essencial da matéria universal. É, portanto, uma representação simbólica do universo.
Caduceu de Hermes
Tábua de Esmeralda
O Selo de Salomão

O número do Grau, o 28 também é altamente simbólico, representa a totalidade do ciclo lunar (28 dias), sendo uma síntese entre o Sol (luz, razão) e a Lua (emoção, intuição). A união desses dois polos representa o equilíbrio interior que o iniciado deve alcançar. Além disso, 28 é a soma de 7 + 7 + 7 + 7 — quatro ciclos de perfeição espiritual, que indicam as etapas do progresso iniciático até a plenitude.

Rito, Palavras e Sinais

O Grau 28 possui uma ritualística que mistura solenidade com densidade simbólica. Entre os elementos que compõem o cenário ritual e os gestos, destacam-se:

  • As palavras sagradas: geralmente em línguas antigas, evocam a essência dos princípios solares e universais. Elas guardam significados que não são apenas etimológicos, mas vibracionais e esotéricos.
  • Os sinais e toques do Grau: expressam o domínio da luz e o poder espiritual conquistado. São comunicações silenciosas entre os que compartilham o mesmo caminho de iniciação.

O ritual desse Grau coloca o candidato diante de um confronto com ele prórprio, ele deve reconhecer que toda a luz conquistada até aqui só tem sentido se for usada para o bem, para a verdade e para a justiça. A partir desse momento, não há mais espaço para neutralidade, ele deve escolher entre a inércia e a irradiação, entre o silêncio cúmplice e a proclamação do Verbo. Ao receber as insígnias, palavras sagradas, sinais e toques, ele não apenas se compromete com os segredos do Rito, mas, sobretudo, com a integridade espiritual que tais símbolos representam.

Conclusão: A Luta entre a Luz e as Trevas

Este Grau representa o ápice de uma tradição esotérica que remonta ao Egito, à Caldeia, à Grécia e a Israel, e que reconhece a luz como o princípio gerador, sustentador e redentor da humanidade. A narrativa mítica que permeia o Grau 28, apresenta o candidato como alguém que, tendo descido às sombras da ignorância, retorna com a tocha da sabedoria. Sua luta é a de Hércules contra as cabeças da Hidra; é a de Osíris contra Set; é a da luz solar que triunfa após o solstício de inverno.

A dualidade entre luz e trevas, tão presente nas tradições iniciáticas antigas, aqui é mostrada como uma realidade da alma humana. Não se trata de uma guerra contra inimigos externos, mas do combate que se trava no santuário do coração, onde o verdadeiro Templo deve ser erguido com equilíbrio e sabedoria.

Por isso, este Grau se constitui como rito de passagem entre a sabedoria especulativa e a verdadeira gnose: o saber vivenciado. A Luz que se acende em sua mente é fruto de esforço, renúncia e lapidação moral. O Príncipe Adepto ascende por merecimento, tendo superado as paixões inferiores, vencido o egoísmo, disciplinado os sentidos e voltado seus olhos ao Alto.

Ao final de sua ascensão neste grau, o iniciado está preparado para cruzar os umbrais dos graus supremos, onde a luz do Sol encontrará sua plenitude na chama eterna da sabedoria divina. Ele não mais se limita aos dogmas humanos: transcende-os, tornando-se um verdadeiro Adepto, um guardião dos mistérios maiores e um servidor silencioso da Verdade.

“O Sol não só ilumina; ele revela e consome. Assim, a luz que recebemos não é apenas um dom, mas um fardo de responsabilidade.”

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Na próxima publicação desta série, exploraremos juntos os segredos e ensinamentos dos Conselhos Filosóficos de Kadosh (19º ao 30º Grau), com 29º Grau, o Grande Cavaleiro Escocês de Santo André de Escócia ou Patriarca das Cruzadas.

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