Total de visitas ao site: 6008

Grau 20 da Maçonaria –  Soberano Príncipe da Maçonaria ou Mestre Ad Vitam do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA)

Recordamos aos Irmãos, bem como aos profanos interessados, que qualquer estudo sobre Maçonaria dirigido ao público externo deve conter somente informações de caráter geral — aquelas que já se encontram nos livros introdutórios de história, simbologia e filosofia maçônica. Os ensinamentos considerados reservados, transmitidos exclusivamente em Loja e nos momentos apropriados, permanecem restritos aos Iniciados da Ordem.

Portanto, tudo o que será exposto aqui está rigorosamente dentro dos limites do sigilo maçônico e tem como propósito maior promover o aperfeiçoamento ético, intelectual e espiritual daqueles que desejam beber dessa fonte de Luz que é a nossa Sublime Ordem Maçônica.

O Grau 20 do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA), conhecido como Príncipe da Maçonaria ou Soberano Príncipe da Maçonaria, marca um importante degrau na jornada filosófica do Maçom. Este Grau relembra a reconstrução do Templo de Jerusalém por Zorobabel, após a libertação do povo hebreu do cativeiro babilônico, um dos eventos mais simbólicos da história judaica e da tradição maçônica.

Embora seja um Grau concedido por comunicação, ou seja, sem a necessidade de iniciação ritualística, ele carrega profundos ensinamentos sobre a verdade, a liberdade de pensamento e o poder da palavra. No passado, este Grau esteve intimamente ligado à defesa da liberdade de ensino e à difusão da luz do conhecimento. Atualmente, embora seja considerado de comunicação, ele preserva seu valor simbólico e filosófico.

A Câmara e seus Símbolos

Os trabalhos do Grau 20 ocorrem em um espaço denominado Tribunal, decorado com ornamentos em azul, com franjas amarelas, refletindo as cores do Grau. O Trono do Grão-Mestre está localizado no Oriente, elevado sobre nove degraus, diante de um grande Candelabro com nove luzes dispostas em forma de triângulo. O Triângulo radiante com a inscrição Fiat Lux (“Faça-se a Luz”) coroa o Dossel oriental, reforçando a busca pela iluminação e pelo esclarecimento.

O centro da Câmara abriga três colunas dispostas em triângulo, representando os pilares fundamentais deste Grau: Verdade (Oriente), Tolerância (Sul) e Justiça (Ocidente). Esses princípios guiam os trabalhos e servem de tema para as reflexões desenvolvidas durante as sessões.

O Presidente da Câmara, denominado Grão-Mestre, simboliza o rei persa Ciro Artaxerxes, personagem histórica que autorizou a reconstrução do Templo de Jerusalém. Os demais Oficiais, incluindo o Oficial, o Segundo Oficial, o Mestre de Cerimônias, o Hospitaleiro, o Orador, o Secretário e o Guarda do Templo, apenas ocupam seus lugares sem participação ativa no cerimonial.

Insígnias e Paramentos

No Grau 20, os Maçons portam uma faixa azul com detalhes amarelos e usam como jóia um triângulo dourado, onde se encontra gravada letras secretas. Em algumas tradições, é mencionada uma fita composta por duas faixas cruzadas, uma azul e outra amarela. A letra R pode aparecer gravada no triângulo, representando o renascimento da luz e da verdade.

O Avental também é forrado em um amarelo dourado com detalhes azuis e a jóia do Grau está lozalizado em seu centro.

A Lenda e o Contexto Histórico

O Grau 20 remonta à tradição caldeia, onde se destacavam os adoradores do fogo e os mestres das antigas escolas de tribunos-oradores. A Caldéia, situada na região inferior entre os rios Tigre e Eufrates, corresponde ao que os gregos chamaram de Babilônia. Foi um importante centro de conhecimento e educação três mil anos antes de Cristo.

Esses antigos mestres caldeus disseminaram o valor da liberdade de ensino, um tema que posteriormente ganhou força nas discussões políticas e filosóficas, especialmente no Brasil do século XIX.

O Grau também rememora o episódio bíblico do cativeiro dos judeus, quando Jerusalém foi destruída por Nabucodonosor II em 587 a.C. e o povo foi levado à Babilônia. Anos depois, o rei persa Ciro libertou os israelitas, autorizando a reconstrução do Templo sob a liderança de Zorobabel.

Zorobabel, cuja figura é central neste Grau, reconstruiu o Templo, ainda que não tenha alcançado o esplendor do Templo de Salomão. Este segundo Templo também seria, posteriormente, destruído, reconstruído por Herodes e, finalmente, arrasado pelos romanos no ano 70 da nossa era, sob o comando do imperador Tito.

Filosofia e Deveres

O Grau 20 exalta a busca pela Verdade como missão do Maçom. O título de Mestre ad vitam (Mestre vitalício) é concedido àquele que assume o compromisso de propagar os princípios da Igualdade, da Liberdade de Pensamento e da Liberdade de Ensino.

O juramento do Grau reforça esta responsabilidade:

“Juro e prometo propagar e sustentar os princípios da Igualdade, o gozo dos Direitos Naturais, a Liberdade de Ensino e do Pensamento e difundir a Verdadeira Luz em qualquer lugar onde me encontrar; guardar profundo silêncio sobre os segredos do Grau e aperfeiçoar-me na Arte da Palavra para tornar-me digno desta Tribuna.”

A busca pela Arte da Palavra é um dos ensinamentos centrais. O Maçom é chamado a retornar ao simbolismo do Grau 2, dedicado à retórica, para aperfeiçoar sua capacidade de expressão, convencimento e transmissão da Verdade.

O debate livre e tolerante é incentivado, pois somente do diálogo fraterno pode emergir a luz da verdadeira compreensão.

Considerações Finais

O Maçom que alcança o Grau 20 demonstra o seu zelo e dedicação à reconstrução do Templo. Ele chega até este estágio após ter viajado simbolicamente através dos quatro elementos, cuja jornada representa o fim do mundo profano e a necessária pacificação interior para alcançar a Verdade. Proveniente da via sacra de Jerusalém, ele se apresenta para visitar seus Irmãos, expor os seus trabalhos, apreciar as obras alheias e buscar o aperfeiçoamento mútuo. Traz consigo os princípios de Glória, Grandeza e Bondade, e manifesta o sincero desejo de ser reconhecido como digno, submisso e virtuoso.

O Grau 20 – Príncipe da Maçonaria é um convite ao aperfeiçoamento constante, ao exercício da tolerância, à prática da justiça e à defesa da liberdade de pensamento. Mais do que um título, ele representa um estado de compromisso com a Verdade e com a elevação moral e intelectual.

Mesmo sendo hoje um Grau de comunicação, seu simbolismo permanece vivo, desafiando cada Maçom a ser um verdadeiro tribuno da palavra, propagador da luz e construtor de pontes entre os homens e o conhecimento.

📢 Gostou do conteúdo?

Se você é estudioso da Maçonaria ou busca compreender melhor os símbolos iniciáticos dos Altos Graus, compartilhe este artigo e assine nosso blog. Mais conteúdos sobre os Graus Superiores do REAA estão a caminho.

Na próxima publicação desta série, exploraremos juntos os segredos e ensinamentos dos Conselhos Filosóficos de Kadosh (19º ao 30º Grau), com 21º Grau, o Cavaleiro Noaquita ou Cavaleiro Prussiano.

Deixe seu comentário e compartilhe com alguém.

Visualizações: 44
WhatsApp
Telegram
Facebook
X

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Últimas postagens