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Grau 14 da Maçonaria – Perfeito e Sublime Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA)

Recordamos aos Irmãos, bem como aos profanos interessados, que qualquer estudo sobre Maçonaria dirigido ao público externo deve conter somente informações de caráter geral — aquelas que já se encontram nos livros introdutórios de história, simbologia e filosofia maçônica. Os ensinamentos considerados reservados, transmitidos exclusivamente em Loja e nos momentos apropriados, permanecem restritos aos Iniciados da Ordem.

Portanto, tudo o que será exposto aqui está rigorosamente dentro dos limites do sigilo maçônico e tem como propósito maior promover o aperfeiçoamento ético, intelectual e espiritual daqueles que desejam beber dessa fonte de Luz que é a nossa Sublime Ordem Maçônica.

Ao atingir o Grau 14 do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA), o maçom ingressa em um estágio de consagração espiritual. Conhecido como Grande Eleito, Perfeito e Sublime Maçom, esse grau conclui o ciclo dos Graus Inefáveis, conferidos nas Lojas de Perfeição, e simboliza o reencontro com a Palavra Perdida — o Nome Sagrado de Deus, extraviado desde a morte de Hiram e apenas revelado aos dignos.

Não se trata, portanto, de um grau meramente transitório: é um verdadeiro ápice iniciático, no qual o iniciado, por meio do mérito e da elevação interior, é admitido aos mistérios mais profundos da Arte Real.

O título de Perfeito e Sublime Maçom é, assim, reservado àqueles que demonstraram constância, fraternidade, solidariedade e discrição — virtudes indispensáveis àqueles que, segundo a lenda do grau, recebem o privilégio de conhecer a pronúncia do Verdadeiro Nome de Deus — a Palavra Sagrada.

A Lenda da Abóbada Sagrada

A narrativa simbólica que fundamenta este grau remonta à figura de Enoque, que teria construído uma abóbada subterrânea para ocultar o Nome Inefável, gravado em uma pedra preciosa. Essa Palavra, tempos depois, foi redescoberta por Mestres eleitos por Salomão, após a consagração do Templo de Jerusalém.

A lenda prossegue relatando que, diante da iminente invasão babilônica, os últimos fiéis defensores da Verdade — conhecedores do mistério sagrado — adentraram a abóbada e destruíram a pedra que guardava o Nome, enterrando os fragmentos a 27 pés de profundidade, com o propósito de protegê-los da profanação. Desde então, a Palavra jamais voltou a ser pronunciada — apenas soletrada — e somente os Perfeitos e Sublimes Maçons conheceriam sua verdadeira pronúncia.

Simbologia e Liturgia

A ritualística do Grau 14 é rica em significados espirituais. Os trabalhos são realizados, simbolicamente, sob uma abóbada secreta, em um ponto qualquer do infinito, e iniciam-se ao meio-dia — momento em que o Sol atinge seu zênite — simbolizando o auge da iluminação interior.

O número simbólico deste grau é o nove, o quadrado de três, considerado perfeito. Os instrumentos de trabalho são o esquadro e o compasso, com os quais o maçom molda seu pensamento e refina sua inteligência.

Durante a cerimônia, uma faca e um machado são dispostos no centro do templo, representando o sacrifício das paixões humanas. O iniciado mergulha as mãos no Mar de Bronze, dissipando as impurezas da matéria, e é ungido com um óleo sagrado misturado ao vinho e à farinha — elementos da ceia mística que representam o corpo, o sangue e o espírito.

A fita do grau, de cor vermelho-vivo, sustenta a joia dourada: um compasso coroado, contendo um sol de um lado, uma estrela do outro e a letra G ao centro — símbolo do Grande Arquiteto do Universo.

O Nome Inefável e o Poder do Conhecimento

O cerne iniciático do Grau 14 gira em torno do conhecimento e da reverência ao Nome Inefável de Deus — uma ideia que transcende a linguagem comum e adentra o domínio do mistério sagrado. Na tradição cabalística, esse Nome é conhecido como Shemhamphorash, termo hebraico que significa “O Nome Expresso” ou “O Nome Declarado”, composto por 72 nomes divinos derivados de três versículos do Êxodo (14:19–21). Cada um desses nomes representa uma emanação específica do divino, formando uma chave oculta para acessar os atributos superiores do Criador.

Este Nome Sagrado se ancora também no Tetragrammaton — IHVH (Yod-He-Vav-He), transliterado como “Jeová” ou “Yahweh” — que, na tradição hebraica, designa o ser absoluto, eterno e imutável. Contudo, para os iniciados, esse Nome não se resume a uma mera identificação de Deus: ele é a expressão metafísica da própria essência do Ser, aquilo que é, que foi e que será. Conhecer o Nome, portanto, não é apenas saber pronunciá-lo, mas compreender o seu significado vibracional e espiritual, internalizando sua realidade no próprio ser.

Desde tempos antigos, a pronúncia desse Nome foi envolta em mistério. No Templo de Jerusalém, apenas o Sumo Sacerdote pronunciava o Nome Inefável, uma vez por ano, no Yom Kippur, ao adentrar o Santo dos Santos. Qualquer outro uso seria considerado profano e perigoso, pois a vibração contida nesse Nome seria poderosa o bastante para alterar a realidade e acessar planos superiores da existência.

Essa noção é ecoada no Decálogo:

“Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão” (Êxodo 20:7).

Não se trata apenas de um mandamento ético, mas de um alerta iniciático. Aquele que ousa tocar o Nome sem estar espiritualmente purificado incorre em profanação, e não será tido por inocente — não porque Deus seja vingativo, mas porque o uso indevido da Palavra ativa forças que o profano não está preparado para dominar.

Assim, o Nome Inefável representa mais do que uma revelação fonética: ele é o símbolo do acesso consciente ao divino. No contexto do Grau 14, esse acesso é reservado àqueles que passaram pela forja simbólica da transformação interior. A Palavra Perdida — oculta desde a morte de Hiram — é reencontrada não nos livros ou na liturgia apenas, mas no âmago do coração purificado e da mente esclarecida.

Esse ensinamento profundo se reflete na ritualística do grau, que exige discrição, pureza, elevação espiritual e libertação moral. O iniciado aprende que a verdadeira liberdade não é apenas externa — como a libertação do povo hebreu do Egito — mas interna, espiritual. É a liberdade que se conquista ao vencer as paixões, os vícios, os falsos deuses do ego e da ignorância.

Conhecer o Nome é, portanto, um ato de comunhão e responsabilidade. É compreender que a Palavra é poder criador, a mesma que, segundo a tradição judaico-cristã, foi usada por Deus para trazer o mundo à existência: “E disse Deus: haja luz; e houve luz”. O iniciado que reencontra essa Palavra se torna, ele mesmo, um co-criador consciente, um artífice da Luz no mundo das sombras.

Na perspectiva esotérica, essa conquista também simboliza o retorno ao Éden interior, ao estado de plenitude anterior à Queda. Ao conhecer o Nome, o Sublime Maçom reintegra-se ao plano divino, torna-se imagem e semelhança do Criador em plenitude de consciência. Nesse sentido, o Nome é o Verbo Sagrado que reconcilia o homem com sua origem e seu destino.

Por isso, no Grau 14, a Palavra não é apenas redescoberta — ela é restaurada dentro do ser.

O Diálogo com o Infinito

O conteúdo metafísico do grau se revela em um diálogo entre o Presidente, o Orador e o 1º Vigilante. Nessa troca simbólica, discute-se a noção de infinito, de Deus e do lugar do homem no universo. O grau não impõe qualquer doutrina dogmática, mas valoriza a livre convicção religiosa, fundamentada na certeza da existência de um princípio divino — criador, mantenedor e unificador de todas as coisas.

Essa compreensão aproxima-se tanto das verdades espirituais da Baghavad Gita, quanto das descobertas científicas mais recentes sobre a estrutura do cosmos. Aqui, a Maçonaria manifesta sua vocação universal, ao reconhecer que a sabedoria pode ser intuída por múltiplos caminhos, todos convergindo para o mesmo centro luminoso de onde tudo emana.

O Simbolismo da Loja

A Loja onde se realiza o Grau 14 representa uma abóbada subterrânea — símbolo do oculto, da interioridade do ser e do inconsciente espiritual que precisa ser iluminado. Suas paredes são revestidas com a cor vermelho-vivo, evocando o fogo da purificação, a energia vital e a chama divina. Chamas ornamentam o espaço, iluminado por 24 luzes — número que remete às 24 horas do dia e à plenitude do tempo simbólico.

No Oriente, encontram-se diversos elementos simbólicos:

  • O Altar dos Perfumes, evocando a elevação das preces e a purificação pelo incenso;
  • O Altar com os 12 Pães da Proposição, representando as 12 tribos de Israel e a constante presença do divino entre os homens;
  • Uma taça de ouro, símbolo da sabedoria e da comunhão;
  • Uma trolha de pedreiro, alusão à união fraternal;
  • E o Altar dos Sacrifícios, essencial na Iniciação, onde o profano abandona suas impurezas.

No Ocidente, encontra-se o Mar de Bronze, grande reservatório simbólico de águas purificadoras. No centro do altar destaca-se um Delta com o Tetragrama Sagrado (IHVH), representando a essência do Nome de Deus.

Indumentária e Insígnias do Grau 14

Avental Maçônico – Grau 14 – Perfeito e Sublime Maçom
Colar Maçônico – Grau 14 – Perfeito e Sublime Maçom

Uma Nova Etapa

A consagração do Grau 14 não representa um fim, mas sim uma preparação para um novo ciclo. As Lojas Capitulares, que abrangem os graus 15 a 18, aguardam o buscador com desafios ainda mais exigentes e revelações mais profundas.

O Grande Eleito ou Perfeito e Sublime Maçom já não é mais um mero aprendiz ou simples obreiro. Ele é, agora, um iniciado que compreende que o verdadeiro templo deve ser erguido dentro de si, com as ferramentas do espírito, guiado pela luz do conhecimento e sustentado pelo amor fraterno.

Ele sabe que a autêntica liberdade nasce do conhecimento da Verdade — e que essa Verdade é Deus. Um Deus que tem um Nome, mas que apenas se revela àqueles que, com humildade, tornaram-se dignos de ouvi-lo e de pronunciá-lo.

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Na próxima publicação desta série, exploraremos juntos os segredos e ensinamentos dos Graus Capitulares, com 15º Grau, o Cavaleiro do Oriente.

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