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“E ele disse: Suplico-te, mostra-me a tua glória.
E ele disse: Farei toda a minha bondade passar diante de ti, e
proclamarei o nome do Senhor diante de ti. E terei
misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me
compadecerei de quem eu me compadecer.
E disse: Não podes ver a minha face, porque nenhum homem
me verá e viverá.
E disse o Senhor: Vê, há um lugar junto a mim, e tu ficarás
sobre a rocha.
E acontecerá, quando a minha glória passar, que eu te porei
em uma fenda da rocha, e te cobrirei com minha mão
enquanto eu passar, e tirarei a minha mão, e tu me verás
pelas minhas costas; mas a minha face não será vista.“
(Êxodo 33:18-23)
INTERPRETAÇÃO DO GRAU 14 À LUZ DE ÊXODO 33:18-23
No diálogo entre Moisés e o Senhor, encontramos um dos momentos mais profundos da revelação divina: o homem, em sua limitação, deseja ver a plenitude da glória de Deus — mas o próprio Criador o adverte de que essa visão é impossível enquanto estivermos revestidos da carne. Moisés, porém, é colocado “na fenda da rocha”, onde apenas vislumbra o reflexo da glória divina.
Essa passagem sintetiza com perfeição o espírito do Grau 14 do Rito Escocês Antigo e Aceito. O Grande Eleito, Perfeito e Sublime Maçom é aquele que, depois de uma longa caminhada simbólica — desde a perda da Palavra no Terceiro Grau até sua redescoberta no Décimo-Quarto — finalmente contempla, ainda que de forma velada, a Verdade Suprema. Ele não a vê face a face, mas a percebe por reflexos, pela luz que emana da rocha — símbolo da firmeza, da fé e da estabilidade espiritual.
No Êxodo, a “rocha” em que Moisés é colocado representa o abrigo da fé. Da mesma forma, o maçom é convidado a permanecer “junto à Rocha”, o Grande Arquiteto do Universo, para que possa receber a luz da sabedoria divina sem ser consumido por ela. A “mão” que o cobre é a Misericórdia divina, que filtra a intensidade da Verdade para que o homem possa compreendê-la gradualmente.
No Grau 14, essa luz é representada pelo triângulo dourado contendo o Nome Inefável, o qual só pode ser contemplado pelos que se purificaram na senda do trabalho, da virtude e da verdade. Assim como Moisés não pôde ver o rosto de Deus, o maçom não pode ainda compreender toda a essência do G∴A∴D∴U∴; mas, pela iniciação e pela prática da moral, ele pode perceber Sua presença, sentir Sua glória e reconhecer Sua perfeição em todas as obras da Criação.
A Justiça, o Direito e a Verdade, cores simbólicas do grau — branco, azul e carmesim — correspondem às qualidades divinas manifestas na passagem bíblica. O branco traduz a pureza da Justiça divina; o azul, a retidão do Caminho; e o carmesim, o fogo da Verdade que purifica e ilumina. Assim como o Senhor revela apenas “as costas”, ou seja, os efeitos de Sua glória, o maçom percebe a Verdade nas consequências de seus atos e nas obras que realiza.
O anel do grau, gravado com a letra hebraica Yod, é o selo da aliança entre o homem e o divino — o mesmo pacto que une Moisés à Presença do Senhor. O lema Virtus Junxit Mors Non Separabit (“O que a virtude uniu, a morte não separará”) resume o sentido espiritual dessa união: quem se aproxima da Verdade pela virtude jamais se separará dela, nem mesmo pela morte.
O encontro de Moisés com Deus sobre a rocha é, portanto, o espelho do encontro do Iniciado com o mistério da Perfeição. A revelação não é total, mas suficiente para inspirar o coração do buscador a continuar seu caminho. Assim, o Grau 14 ensina que a Verdade Divina não se impõe de uma só vez — ela se revela a quem trabalha, busca e se purifica.
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