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Grau 13 da Maçonaria – Cavaleiro do Real Arco do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA)

Recordamos aos Irmãos, bem como aos profanos interessados, que qualquer estudo sobre Maçonaria dirigido ao público externo deve conter somente informações de caráter geral — aquelas que já se encontram nos livros introdutórios de história, simbologia e filosofia maçônica. Os ensinamentos considerados reservados, transmitidos exclusivamente em Loja e nos momentos apropriados, permanecem restritos aos Iniciados da Ordem.

Portanto, tudo o que será exposto aqui está rigorosamente dentro dos limites do sigilo maçônico e tem como propósito maior promover o aperfeiçoamento ético, intelectual e espiritual daqueles que desejam beber dessa fonte de Luz que é a nossa Sublime Ordem Maçônica.

O Grau 13 do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA), denominado Cavaleiro do Real Arco, marca uma etapa importante na jornada maçônica, simbolizando o reencontro com a Verdade Suprema, representada pelo Nome Inefável do Grande Arquiteto do Universo. Trata-se de um grau de reconexão com o saber primordial, resgatado através da perseverança, da fé e da revelação.

A Lenda de Enoque e o Templo Subterrâneo

A base simbólica do Grau 13 do Rito Escocês Antigo e Aceito repousa sobre a figura enigmática de Enoque, o sétimo patriarca após Adão, neto de Malalel e bisavô de Noé. Segundo a tradição bíblica, “andou Enoque com Deus e desapareceu, pois Deus o tomou para si” (Gênesis 5:24), tornando-se uma das raras figuras a ascender aos céus sem passar pela morte. Esse detalhe confere a Enoque uma aura de pureza e iluminação espiritual, colocando-o como um arquétipo do Iniciado Perfeito — aquele que transcende o ciclo comum da existência por mérito de sua integridade moral e da profundidade de seu saber.

Dentre as tradições apócrifas, especialmente os Livros de Enoque, bem como as interpretações da Cabala e de correntes gnósticas, encontramos descrições mais extensas sobre sua vida e missão. É dito que Enoque foi arrebatado aos céus, onde recebeu do próprio Deus as revelações acerca das leis eternas, dos segredos do universo e da natureza dos anjos. Essas revelações compõem aquilo que poderíamos chamar de ciência sagrada ou primitiva, cujos elementos essenciais deveriam ser preservados para as gerações futuras.

A ascensão de Enoque

Ao perceber, por visão profética, a iminência de uma grande catástrofe — o Dilúvio — Enoque compreendeu que o saber divino, se não protegido, seria varrido da face da Terra. Diante disso, concebeu um plano audacioso: construir um templo oculto nas profundezas da Terra, com nove abóbadas sobrepostas, sustentadas por arcos interligados, representando os nove Céus ou Esferas da Tradição antiga. No interior da nona abóbada, oculto ao mundo profano, depositou uma placa triangular de ágata, contendo o Nome Inefável de Deus, gravado em caracteres místicos conhecidos apenas dos sábios antigos.

O triângulo, símbolo da divindade trina, representa neste contexto a perfeição espiritual, a harmonia universal e a unidade da essência divina. O nome sagrado, por sua vez, não era apenas uma palavra, mas um mantra de poder, cuja pronúncia correta restabeleceria a comunhão direta com o Criador. O Delta, portanto, simboliza não só a Presença Divina, mas o centro irradiador da Verdade.

Para garantir que mesmo após o cataclismo a humanidade tivesse ao menos pistas sobre o local sagrado e seus conteúdos, Enoque ordenou a construção de duas colunas simbólicas:

  • A Coluna de Mármore, resistente ao fogo, era marcada com sinais esotéricos que indicavam a localização do templo subterrâneo. Representava a estabilidade da forma, o corpo da tradição, e o mundo visível.
  • A Coluna de Bronze, resistente à água, foi gravada com os segredos das sete artes liberais, codificando os fundamentos da ciência e da moral. Simbolizava o mundo intelectual e espiritual, a memória da humanidade e a sabedoria oculta.

Com a vinda do Dilúvio, conforme relatam tanto a Bíblia quanto tradições sumérias e egípcias, apenas a Coluna de Bronze sobreviveu às águas devastadoras. A de Mármore — que indicava o acesso ao templo oculto — foi tragada pelas águas, e com ela, o mapa simbólico para a redescoberta do Nome Sagrado.

A Redescoberta do Nome Inefável

Passaram-se séculos até que o legado de Enoque voltasse à tona. Durante a construção do Templo de Jerusalém, no reinado do Rei Salomão — outro grande iniciador, símbolo da sabedoria e da justiça — houve, após o martírio de Hiram Abiff, a necessidade de redescobrir a Palavra Perdida, que simbolizava a plenitude da Verdade. Assim, Salomão confiou a missão de escavar os antigos fundamentos a três Mestres Maçons de sua confiança: Adonhiram, Stolkin e Joabem.

Estes, guiados por sinais antigos e pela inspiração interior, removeram cuidadosamente os escombros no local apontado pelas tradições antigas. Ao escavar as profundezas do monte Moriah, encontraram a entrada de uma galeria de arcos. Descendo arco por arco, adentraram os mistérios de cada estágio do saber oculto — cada abóbada representando um véu da ignorância a ser transposto. Finalmente, na nona e última abóbada, depararam-se com o objeto de sua busca: o Delta Triangular em ouro, reluzente, gravado com caracteres místicos — o mesmo Nome Inefável de Deus que Enoque havia escondido séculos antes.

Porém, a Coluna de Mármore que ensinava a pronúncia correta dos hieróglifos e símbolos sagrados havia sido destruída. Assim, o Nome Divino, embora encontrado, não podia ser pronunciado. Tal limitação simbólica representa uma profunda verdade espiritual: a Essência Suprema pode ser intuída, sentida, reverenciada — mas jamais completamente compreendida ou expressa por palavras humanas.

Desde então, o Delta Sagrado passou a ser venerado não como um nome a ser dito, mas como a expressão visual da Verdade Suprema — aquilo que deve ser buscado com sinceridade, protegido com humildade e reverenciado com o coração puro. O templo subterrâneo de Enoque tornou-se um arquétipo do Santuário Interior que cada Iniciado deve escavar dentro de si, passo a passo, arco a arco, até que alcance o centro iluminado do seu próprio ser, onde reside a centelha do Divino.

A Loja do Real Arco

O espaço ritual do Grau 13 é denominado Capítulo ou Loja Real, representando simbolicamente o templo subterrâneo de Enoque. Sua ornamentação é rica em simbolismo:

Templo de Enoque
  • A Abóbada: sustentada por nove arcos, sob os quais aparecem nove nomes sagrados de Deus: Jod, Jhao, Ehleah, Eliah, Jareb, Adonai, El-Hanan, Jhao e Jobel.
  • A Pirâmide: de três faces, posicionada no centro da Loja, iluminada internamente por um candelabro tríplice. Cada face traz o Tetragrama Sagrado em hebraico.
  • A Loja: subterrânea, sem portas ou janelas, acessada por uma escada por meio de uma escotilha de pedra de mármore com argola de ferro.
  • Pavimento: em mosaico de losangos brancos e negros, como nos graus simbólicos, mas com acento místico particular ao Grau.
  • Iluminação: nove luzes rodeiam o recinto, com uma décima luz no altar do Três Vezes Poderoso Mestre.

Os Oficiais e seus Papéis

O Capítulo é composto por cinco Oficiais principais, com significação simbólica e hierárquica específica:

  • Três Vezes Poderoso Mestre: representa Salomão; traja coroa e empunha cetro.
  • Grande Vigilante: simboliza Hiram, rei de Tiro; também possui cetro e coroa, mas não a coloca.
  • Grande Inspetor: representa Adonhiram; usa chapéu e segura espada desembainhada.
  • Grande Tesoureiro: figura Joabem; posicionado ao Norte.
  • Grande Secretário: simboliza Stolkin; posicionado ao Sul.

Indumentária e Insígnias

Avental Maçônico do 13º Grau do REAA

Os trajes são negros e as luvas igualmente escuras. Os Irmãos devem ter a cabeça coberta. O símbolo maior do Grau é o Delta Sagrado e a insígnia principal é:

  • Avental: vermelho, com um triângulo irradiado ao centro, contendo caracteres desconhecidos.
  • Faixa: azul-noite.
  • Jóia: um triângulo de ouro, vazado.

O Três Vezes Poderoso Mestre se distingue com uma túnica amarela e manto azul.

A Divisa do Grau

A máxima que resume a essência deste Grau é:

In Ore Leonis Verbum Inveni
“Achei a Palavra na boca do Leão”.

Essa expressão, de origem alegórica, refere-se à lenda da Arca da Aliança perdida, guardada por um leão que apenas se tornava dócil quando se tratava de recuperar a Verdade. O leão, símbolo do instinto transformado pela razão, representa o pensamento disciplinado que se curva diante da Luz.

Valores e Ensinamentos

Este Grau trabalha a busca da Verdade como fundamento da Liberdade e da Justiça. Valoriza a liberdade religiosa, o progresso moral e o aperfeiçoamento do homem por meio da instrução e da harmonia entre Honra e Dever. Revela-se, portanto, um grau de iluminação ética e espiritual.

Além disso, ensina que a Verdade deve ser buscada com perseverança e protegida com coragem. O Delta de Enoque não é apenas uma relíquia sagrada, mas o símbolo da busca eterna por aquilo que é puro, eterno e essencial.

O Encerramento dos Trabalhos

Ao final dos trabalhos do Capítulo, recita-se uma prece tocante ao Grande Arquiteto do Universo, rogando sabedoria, luz, virtude e união entre os Irmãos. Este momento solene simboliza o esforço interior de cada iniciado em aproximar-se da Essência Divina por meio do trabalho moral constante.

O Grau 13 do REAA — Cavaleiro do Real Arco — é um chamado à redescoberta da Verdade, ao reencontro com os fundamentos sagrados que a tradição preserva e que cada maçom deve buscar em si mesmo. Ao penetrar no templo de Enoque, o iniciado simbolicamente desce aos fundamentos de sua alma para reencontrar a Luz do Nome Inefável, guardada não em palavras, mas em consciência.

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Na próxima publicação desta série, exploraremos juntos os segredos e ensinamentos do 14º Grau, o Perfeito e Sublime Maçom.

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